A irmã da Terra
A descoberta de um planeta muito
parecido com o que habitamos abre uma possibilidade espetacular: a existência
de vida extraterrestre
Há apenas vinte anos, não existia
comprovação da existência de planetas fora do sistema solar. Com o avanço da
tecnologia de observação do espaço, os astrônomos já conseguiram descobrir
quase 500 deles no universo. São os chamados exoplanetas. Na semana passada,
dois cientistas americanos anunciaram a descoberta do exoplaneta que, entre
todos os já avistados, guarda maior similaridade com a Terra. Batizado de
Gliese 581g, ele órbita em torno da estrela Gliese 581, na constelação de Libra.
“Seu tamanho, força de gravidade e variação de temperatura na superfície fazem
dele um astro muito parecido com o planeta que habitamos”, disse a VEJA o
astrônomo Steven Vogt, da Universidade da Califórnia, um dos autores da
descoberta. O Gliese 581g foi avistado depois de onze anos de observações. Os
pesquisadores também cruzaram seus dados com os da equipe de astrônomos suíços
que, há três anos, descobriu quatro planetas orbitando a Gliese 581. Em um
deles, identificaram-se semelhanças com a Terra, mas o astro agora descoberto
pode ser considerado um irmão de nosso planeta.
O Gliese 581g orbita seu sol na região
que, em astronomia, se chama zona habitável de um sistema estelar. Nessa
região, um planeta recebe calor na quantidade exata para permitir a existência
de água em estado líquido em sua superfície. É possível, portanto, que o Gliese
581g abrigue alguma forma de vida – mas dificilmente se poderá saber. O planeta
está localizado a 20 anos-luz da Terra, o equivalente a 190 trilhões de
quilômetros. A distância é pequena para os padrões cósmicos, mas impossível de
ser percorrida por uma nave espacial, muito menos por uma nave tripulada. Uma
viagem a Gliese 581g num dos ônibus espaciais da Nasa levaria 766000 anos,
quatro vezes o tempo que o Homo sapiens
habita a Terra.
A Gliese 581 é uma estrela anã
vermelha, um astro de luminosidade inferior à do Sol e está na metade de sua vida
– deve brilhar por “apenas” mais 5 bilhoes de anos. Até a descoberta de seu
sistema, nenhum dos exoplanetas observados apresentava condições adequadas para
abrigar vida da forma que a conhecemos. Eles são, na maioria, imensas bolas de
gases venenosos com força gravitacional colossal. O Gliese 581g abre uma nova
fronteira na astrofísica.
Alexandre
Salvador. Veja, ed. 2185 – ano 43 – nº 40 – 6 de outubro de 2010.
PROCURA-SE!
Os beija-flores ou colibris estão entre as menores
aves do mundo e são as únicas capazes de ficar voando no mesmo lugar, como um
helicóptero, ou de voar para trás. Para isso, porém, as suas pequenas asas
precisam movimentar-se muito depressa, o que gasta muita energia. Assim, eles
precisam se alimentar bastante, e algumas espécies podem comer em um único dia
até oito vezes o seu próprio peso. Uau!
O balança-rabo-canela é um beija-flor pequeno que pesa
apenas nove gramas e só existe no Brasil. Ele tem as costas esverdeadas e a
parte de baixo do corpo na cor canela, com um tom mais escuro na garganta. As
penas da cauda, por sua vez, são de cor bronze e têm as pontas brancas. A ave
possui ainda uma fina listra branca em cima e embaixo dos olhos.
Assim como os outros beija-flores, o
balança-rabo-canela geralmente se alimenta de pequenos insetos, aranha e
néctar, um líquido doce produzido pelas flores. Para sugá-lo, essas aves têm
uma língua com ponta dupla, que forma dois pequenos canudos.
É comum os beija-flores ficarem com os grãos de pólen
das flores grudados nas penas e no bico depois de sugarem o néctar. Assim,
acabam levando-os de uma flor a outra, à medida que seguem seu caminho. Como as
flores precisam do pólen para produzir sementes, os beija-flores, sem querer,
ajudam-nas ao fazer esse transporte e acabam beneficiados também: afinal, o
néctar das flores é um dos seus alimentos.
Os beija-flores enxergam muito bem, e muitas flores
possuem cores fortes, como vermelho ou laranja, para atraírem a sua atenção.
Embora muito pequenas, essas aves são muito valentes e sabem defender seus
recursos, como as flores que utilizam para se alimentar. Assim, alguns machos
podem até expulsar as fêmeas da sua própria espécie caso elas cheguem perto da
comida. Na luta pela sobrevivência parece não haver espaço para gentileza:
machos e fêmeas geralmente se juntam apenas na época da reprodução.
O balança-rabo-canela coloca seus ovos de setembro a
fevereiro e choca-os durante 15 dias. A fêmea é quem constrói o ninho e também
cuida dos filhotes por quase um mês após o nascimento para que eles consigam
sobreviver sozinhos.
O pequeno balança-rabo-canela está ameaçado de
extinção por conta da destruição do ambiente onde vive, ou seja, do seu
habitat. As matas que servem de lar para essa ave estão sendo destruídas de
maneira acelerada para a criação de animais, o cultivo de alimentos, a
instalação de indústrias e pelo crescimento das cidades. Portanto, precisamos
preservá-las para que esse belo beija-flor não desapareça para sempre.
FONSECA, Lorena C.N; ALVES, Maria Alice.
Procura-se! Ciência Hoje para Crianças, Rio de Janeiro, n.159, jul. de
2005.
Como os
mosquitos voam na chuva
Para saber como os insetos “lutam” com a gota de chuva, o
engenheiro mecânico David Hu, da Georgia Institute of Technology, em Atlanta,
resolveu filmar o mosquito embaixo do chuveiro
Neste telhado, foi usada
água do chuveiro para simular a chuva. Ao contrário do mito, os mosquitos não
desviam da água. “Eles não mostraram nenhum sinal de tentar evitar as gotas de
chuva”, disse Hu.
De acordo com os
cálculos de HU, uma gota de chuva perde apenas 2% de sua velocidade ao atingir
o mosquito e que, apesar do seu peso, o choque com o inseto não é
suficientemente forte para interromper seu voo.