terça-feira, 28 de setembro de 2010

Abelha operária

A abelha parece uma bolinha de pelúcia esvoaçante, com o seu pequeno bumbum listado que abriga um ferrão amedrontador. Mas seu corpo é mais do que isso.

Examinada de perto, a abelha é um conjunto maravilhoso de ferramentas de trabalho, a microoficina viva que sustenta uma sociedade de insetos. De cada parte do seu corpo depende o sucesso da colmeia.

Um pouco do trabalho da abelha pode ser acompanhado quando ela está visitando seus pontos de abastecimento. São os pequenos supermercados coloridos e perfumados onde ela vai buscar os ingredientes para a alimentação da colmeia: as flores.

A abelha é atraída pelo colorido e cheiro das flores, mas seus olhos enxergam as cores de forma diferente dos nossos. A abelha não percebe a cor vermelha, por exemplo. A seus olhos, uma flor vermelha parecera negra ou cinza. Em compensação, a abelha percebe uma luz que nossos olhos não percebem: a luz ultravioleta.

Muitas flores têm um colorido mais atraente perto do lugar onde produzem o néctar, um líquido adocicado que alimenta muitos tipos de insetos.

A abelha procura o néctar nas flores e pode enxergar, nas pétalas, alguns sinais indicadores do "lugar de néctar". São sinais que refletem a luz ultravioleta, que nós não percebemos, mas ela sim.

Iniciando um mergulho rumo ao interior da flor, a abelha vai afastando qualquer obstáculo que dificulte seu caminho em direçao ao néctar. Ela se introduz em um emaranhado de peças parecidas com cotonetes compridos. São os órgãos reprodutores da flor. As pontas desses "cotonetes" estão cheias de pólen, um pozinho amarelado que serve paro a fecundação das plantas.

O corpo da abelha vai ficando cheio de pólen enquanto ela força passagem para chegar ao fundo do cálice formado pelas pétalas da flor.

Quando a abelha atinge o fundo do cálice, encontra finalmente as gotinhas açucaradas que procurava. Desdobra então uma língua comprida e começa a chupar as gotinhas como se estivesse tomando suco com canudinho. As gotas de néctar são sugadas para um depósito no corpo da abelha. Quando a abelha chegou à colmeia, o néctar coletado será entregue para as outras abelhas e, só então, se transformará em mel.

Depois de chupar bastante néctar no fundo da flor, a abelha recolhe sua língua, dobrando-a por baixo da cabeça. Sai então de marcha à ré e voa para procurar outra flor.



Por que algumas aves voam em bando formando um V?

Elas parecem ter ensaiado. Mas é claro que isso não acontece. Quem nunca viu ao vivo, já observou em filme ou desenho animado aquele bando de aves voando em "V". Segundo os especialistas, esta característica de voo é observada com mais frequência nos gansos, pelicanos, biguás e grous.
Há duas explicações para a escolha dessa formação de voo pelas aves.
A primeira consiste na economia de energia que ela proporciona. Atrás do corpo da ave e, principalmente, das pontas de suas asas, a resistência do ar é menor e, portanto, é vantajoso para as aves voar atrás da ave dianteira ou da ponta de sua asa. Ou seja: ao voarem desta forma, as aves poupariam energia, se esforçariam menos, porque estariam se beneficiando do deslocamento de ar causado pelas outras aves. Isso explicaria, até, a constante substituição do líder nesse tipo de bando.
Essa é a primeira explicação para o voo em "V". E a segunda? O que diz? Ela sustenta que esse tipo de voo proporcionaria aos integrantes do bando um melhor controle visual do deslocamento, pois em qualquer posição dentro do "V" uma ave só teria em seu campo de visão outra ave, e não várias. Isso facilitaria todos os aspectos do voo. Os aviões militares de caça, por exemplo, voam nesse mesmo tipo de formação, justamente para ter um melhor campo de visão e poder avistar outros aviões do mesmo grupo.
Essas duas explicações não são excludentes. É bem possível que seja uma combinação das duas o que torna o voo em "V" favorável para algumas aves.

(NACINOVIC, Jorge Bruno, Por que algumas aves... Ciência Hoje das Crianças, Rio de Janeiro, n. 150, set. 2004.)

Por que a ida é sempre mais demorada que a volta?


Essa sensação acontece com todo mundo que viaja – desde que tenham sido feitostrajetos idênticos, na mesma velocidade, em sentidos opostos. Isso porque o nosso cronômetro interno não funciona com perfeita regularidade e muitas vezes engana a noção de tempo. As estruturas neurais que controlam a percepção temporal estão localizadas na mesma área do cérebro que comanda a nossa concentração.


Isso significa que, se a maior parte dessa área estiver voltada a prestar atenção nocaminho, nas placas e na paisagem, não conseguimos nos concentrar no controle de tempo. E aí não saberemos quanto tempo, de fato, a viagem levou. Na ida, a descoberta de novos lugares influi na percepção de distância, e achamos que estamos demorando mais. Nossa preocupação é: “Quando vamos chegar?” Na volta, com o caminho já conhecido, a concentração se dispersa e a percepção de tempo é alterada para menos, dando a impressão que o trajeto passou mais depressa.


Rafael Tonon


Fonte: Revista Superinteressante - Edição 241 - Julho de 2007, pág. 50.


Pombos e rodovias


Já se desconfiava que pombos-correios seguiam grandes rodovias e ferrovias para voltar para casa. Isso chegou a ser observado em estudos feitos a partir de aviões e helicópteros.

Para testar essa hipótese, pesquisadores colocaram nas costas dessas aves um diminuto aparelho de posicionamento global por satélite – mais conhecido pela sigla, em inglês, GPS – para mapear com precisão o movimento dos animais. Por três anos foram observados 216 voos de pombos-correios já experientes que cumpriram trajetórias de até 50 km nas redondezas de Roma.

A conclusão é que eles realmente seguem grandes estradas na volta ao lar, principalmente no início e no meio da jornada. E isso ocorre mesmo quando essa rota os afasta do percurso mais curto para casa. Segundo os autores, ao optar por essa estratégia, os pombos podem tornar a navegação mais simples, sem precisar ativar sua “bússola” interna, e, assim, dedicar, por exemplo, mais atenção a possíveis predadores.

(Pombos e rodovias. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, set. 2004.)

E se...

...A Terra tivesse só um continente?

por Alexandre Versignassi e Ricardo Neves Torres

Para começar, a humanidade não existiria. Só estamos aqui porque uma floresta tropical na África secou há 5 milhões de anos, virou savana. Aí meia dúzia de macacos ficou sem árvores. Teve de se virar no chão. E os filhos dos filhos desse bando são a gente. Num mundo de um continente só, o clima seria tão diferente que acontecer a mesma coisa no mesmo lugar seria coincidência demais. Mas ok: vamos trabalhar com a hipótese de que a coincidência aconteceu. Nesse caso, viveríamos num mundo mais seco. É que, se os continentes fossem unidos, não haveria o Atlântico. A maior parte do planeta ficaria longe do mar. Quando isso acontece, a umidade do ar baixa. Então as chuvas diminuem e a quantidade de água doce também. Vira quase tudo um desertão. Só isso já mudaria os rumos da história. Só que o mais surreal é outra coisa. Isso já aconteceu pelo menos duas vezes: há 750 milhões e há 250 milhões de anos. Os continentes se movem devagar, mas sempre. Se desse para ver esse movimento em câmera acelerada, veríamos os continentes pulsar como um coração. Agora mesmo, as Américas se afastam da África e da Europa a uma velocidade de 7 cm/ano. O deslocamento dessa massa levantou a cordilheira dos Andes - e continua levantando: sabe quando você arrasta areia com a mão e um montinho se forma naturalmente? É a mesma coisa. Só que com terremotos - por isso a área mais sujeita a eles no mundo é justamente a linha onde estão os Andes. Daqui a 50 milhões de anos, a Europa e a África vão estar bem mais longe daqui. Mais tarde o processo deve se inverter e formar outro supercontinente. E aí tudo o que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia. Num indo e vindo infinito.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cultura/continente-clima-temperatura-populacao-547612.shtml Acessado em 29/09/2010



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Respostas do estudo do texto

O poeta aprendiz

(Pág. 189)

  1. Sugestão: valente, caprino, sadio, grimpante.

a) Tangerina, pião e menina.

b) Que ele é rápido, ágil, que se movimenta como um passarinho.

  1. Uma vez o menino se embolou com três, ou seja, que ele brigou com três.
  2. a) “Caía exato como um gato.” (O gato sempre cai em pé)

b) “Passava da conta de tanto driblar.” (Quer dizer que ele jogava muito bem)

  1. Os amores que tinha.
  2. Sugestão: Escreveria sobre sua vida, suas brincadeiras, etc.

(Pág. 190)

  1. É a própria planta, o copo-de-leite.
  2. Sugestão: O poeta pode reinventar a realidade a partir dos seus sentimentos.

  1. a) A beleza do leão, o desejo de namorar a estrela.

b) O primeiro está organizado em duas linhas e o segundo em oito linhas (versos); cada verso corresponde a uma linha.

c) O texto 2, pois o poema de Vinícius também não ocupa toda a linha.

  1. a) Há 67 versos.

b) Uma estrofe.

3. (Resposta pessoal)

  1. Que terminam com sons iguais: fazia e poesia; bonita e escrita.
  2. a) lua e rua / jóia e bóia

b) Umas ocupam o final do versos, outras não.

  1. Sim. Todos os versos têm cinco sílabas poéticas.

(Pág. 192)

  1. b) O poema fala sobre o relógio, e a sonoridade do poema é semelhante a um relógio em movimento.

c) Vão, vêm, não, vão

  1. a) Resposta pessoal.

b) Que ele fala de uma infância antiga, diferente da atual.

c) Resposta pessoal.

  1. Pião, gude de bilha (bola de gude), bola de meia.
  2. Resposta pessoal.
  3. Sua infância.
  4. Não. Ele foi escrito para qualquer pessoa que se interessa pela linguagem poética.

(Pág. 193)

  1. a) Representa o barulho dos instrumentos de caça do menino.

b) “plim e plão”

c) As duas palavras representam sons.

  1. a) O olhar rápido e poderoso como um raio. Caía em pé, firme como um gato cai.

b) As palavras “parecia” e “como”.

domingo, 5 de setembro de 2010

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa: sempre atual

Poema em linha reta
Álvaro de Campos

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.