sábado, 18 de dezembro de 2010

O menino e o arco-íris


Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino (que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.

Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra. Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e continuou entediado como sempre.

Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade. Quando pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível, ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal.

O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema, não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!

Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio. E daí?

(GULLAR, Ferreira. O menino e o arco-íris. São Paulo: Ática, 2001. p. 5)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Verbos

Exercitando:

1. Preencha o espaço com o verbo indicado nos parênteses, em uma das formas do pretérito:

a.) Ontem eu __________________ o texto em quinze minutos. (reler)

b.) Eu _______________ à televisão quando minha avó me chamou para lanchar. (assistir)

c.) Quando eu era menor, ______________________ futebol todos os dias. (jogar)

d.) Minha mãe ainda não ___________________________ de ler o jornal quando tocaram a campainha.(terminar)

e.) Eu _________________ todos os domingos ao parque quando era criança. (ir)

f.) Os alunos e as alunas _________________ grande algazarra quando o professor entrou. (fazer)

g.) Meu pai ainda não ______________________ o almoço quando chegamos do colégio. (acabar)

2. Observe atentamente as frases que seguem. Identifique o tempo e o modo em que estão os verbos:

a.) Acordo diariamente às sete da manhã.

b.) Acordava diariamente às sete da manhã.

3. Que diferença de sentido pode-se notar nas frases abaixo?

a.) Jogava futebol com minhas amigas.

b.) Joguei futebol com minhas amigas.

4. Substitua a forma composta pela simples do pretérito-mais-que-perfeito e vice-versa:

a.) Ainda não tínhamos terminado a prova, quando tocou o sinal.

b.) O professor já dissera várias vezes que deveríamos ler o texto silenciosamente.

c.) Quando cheguei ao portão da escola, as aulas já tinham começado.

d.) No dia anterior, o diretor já comunicara a mudança de horário de aula.

Musse de maracujá

Ingredientes:

1 lata de leite condensado

1 lata de creme de leite

1 lata de suco de maracujá

Modo de fazer:

Coloque o creme de leite no congelador por 5 minutos, para facilitar a retirada do soro. Prepare o suco de maracujá. Bata todos os ingredientes no liquidificador por 2 minutos. Em seguida, coloque a musse numa tigela e cubra-a com o suco de um maracujá, com as sementes. Deixe gelar.

5. Em que modo estão os verbos em negrito? Por que foi usado esse modo?


Verbos

Verbos são palavras que variam de diversas maneiras. Eles se flexionam:

de acordo com as pessoas do discurso, no singular ou no plural;

de acordo com o tempo: presente, passado (pretérito) e futuro;

de acordo com o modo: indicativo (certeza), subjuntivo (dúvida) e imperativo (ordem, conselho, desejo).

O conjunto das flexões verbais chama-se conjugação.

O infinitivo e as três conjugações verbais

Nas frases Eu estudo, Maria estuda e Eles estudam, por exemplo, temos três formas diferentes do verbo estudar.

Estudar é o verbo na forma do infinitivo, que é uma espécie de nome do verbo. (É nessa forma que os verbos aparecem no dicionário)

Se você procurar a forma olhamos no dicionário, não a encontrará. Você deve procurar o infinitivo do verbo (olhar). Isso vale para todos os casos!

Você já deve ter observado que, no infinitivo, os verbos podem terminar em ar, er e ir

olhar Eu olho. Quer que eu olhe? Olha!

(infinitivo) (tempo: presente) (tempo: presente)

(modo: indicativo) (modo: subjuntivo) (modo: imperativo)

Em português temos três conjugações verbais:

primeira conjugação – a dos verbos terminados em ar: abrigar, pensar, achar, olhar, etc.;

segunda conjugação – a dos verbos terminados em er: haver, esconder, aprender, etc.;

terceira conjugação – a dos verbos terminados em ir: ir, cair, surgir, etc.

Observação: o verbo pôr e seus derivados (compor, repor, antepor, etc.) pertencem à 2ª conjugação. Na sua origem latina, apresentava a forma ponere, que evoluiu para poer e depois para pôr.

Tome nota: Quando o verbo se apresenta acompanhado de outro, forma uma LOCUÇÃO VERBAL:

“...ainda terei de escolher...” “ – E se um dia ele tornar a perguntar...” “A gente pode viajar?”

Tempos básicos do verbo

Observe o uso do verbo brincar nestas frases:

Ele brinca comigo. ► ação que está acontecendo: presente

Ele brincou comigo. ► ação que já aconteceu: passado ou pretérito

Ele brincará comigo. ► ação que vai acontecer: futuro

Fique atento!

Não confundir pretérito com futuro, nos casos a seguir: precisaram / precisarão.

1. “Alguns alunos precisaram ir à coordenação.” 2. “Alguns alunos precisarão ir à coordenação.”

Em qual das duas frases a ação ainda não se realizou? ____________________________________________

Como já vimos, há três modos verbais: indicativo (indica certeza), subjuntivo (indica dúvida) e imperativo (indica ordem, conselho, solicitação, desejo).

No modo indicativo, emprega-se o presente para:

Ø indicar uma ação que acontece no momento em que se fala: Neste momento, ele o livro.

Ø exprimir fatos ou estados permanentes, considerados como verdade: A lua é um satélite.

Ø exprimir ação habitual: Acordo todos os dias às seis horas.

Ø dar atualidade a fatos passados: Em 1906, Santos Dummont sobrevoa Paris.

Ø indicar um fato futuro próximo, considerado certo: Amanhã é feriado.

No modo indicativo, há três tipos de pretérito:

Eu participei das festividades de réveillon no Rio.

Eu participava das festividades de réveillon, quando as luzes se apagaram.

Eu participara das festividades de réveillon no ano anterior à viagem de meu irmão.

Embora estejam no mesmo tempo (pretérito), há diferenças importantes entre essas três formas verbais.

Note que, no primeiro caso, a ação de participar das festividades está completa, acabada, terminada, concluída, feita por completo. Por isso, dizemos que o verbo está no pretérito perfeito.

No segundo caso, o falante ainda estava participando das festividades quando aconteceu de as luzes apagarem-se. É fato passado, mas ainda não está terminado. Trata-se de pretérito imperfeito.

No terceiro caso, o falante já tinha participado da festa quando seu irmão viajou. É um fato passado anterior a outro fato passado. Trata-se do pretérito mais-que-perfeito.

Vamos ver mais detalhes sobre cada um deles.

Pretérito perfeito: Cheguei muito cedo à festa.

A forma verbal cheguei indica um fato já passado, que, no momento em que o falante se expressa, já está totalmente concluído, acabado.

Pretérito imperfeito: Levavam as flores para o barco quando caiu um temporal.

O fato de levar as flores para o barco ainda não tinha terminado quando caiu o temporal.

Observe ainda:

Levantava-se todos os dias às seis da manhã para ir à escola.

O verbo levantar-se está indicando um fato que acontecia, repetidamente, no passado. Sempre que o verbo expressar um fato habitual no passado, emprega-se o pretérito imperfeito.

Pretérito mais-que-perfeito

Eu já saíra quando você chegou.

1º fato 2º fato

Os dois fatos são passados:

a. fato que ocorreu primeiro: sair; b. fato que ocorreu depois: chegar.

O pretérito mais-que-perfeito expressa um fato passado (sair) que ocorreu antes de outro também passado (chegar).

Você deve ter achado muito esquisito formas verbais como saíra, estudara, falara, cantara, fora, etc.

Realmente, essas formas verbais não são utilizadas no nosso dia-a-dia, quando falamos. Mas já reparou que ela aparece quando você está lendo algum texto literário? Quando você leu A magia mais poderosa ou Dragões negros, por exemplo, certamente encontrou vários verbos no pretérito mais-que-perfeito. Quando você abre um livro de Harry Potter, lá estão muitos verbos neste tempo.

O pretérito mais-que-perfeito, no entanto, tem uma forma composta, que é mais utilizada que a forma simples. Essa, sim, nós usamos no dia-a-dia. Veja:

Eu já tinha saído quando você chegou. (Eu já saíra quando você chegou.)

Ela já tinha estudado quando você telefonou. (Ela já estudara quando você telefonou.)

No modo indicativo, o futuro é expresso de duas maneiras:

Ø Futuro do presente exprime um fato tido como certo, posterior ao momento em que se fala:

Amanhã, entregarei o trabalho.

Futuro do pretérito exprime:

Ø fato futuro em relação a um fato passado: Na semana passada você disse que me convidaria para sua festa.

Ø fato de provável realização no futuro, se satisfeita condição hipotética no presente: Se você me convidasse, eu iria à sua festa no sábado.

Ø incerteza em relação a fatos passados: Em 1980, ele teria uns quarenta anos. (Não se sabe exatamente que idade ele tinha na época.)

Ø pedido de forma cortês, gentil, educada: Você poderia fechar a janela, por favor?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O CÉREBRO E A MEMÓRIA

Como se formam lembranças no cérebro de um bebê? Por que uma melodia romântica pode disparar sensações tão agradáveis? Por que não conseguimos nos lembrar do que aconteceu conosco antes dos três anos de idade?

Lembrar não implica apenas arquivamento de informações. É difícil perceber, mas precisamos de memória para atribuir sentido a experiências vivenciadas e conectá-las com outras. Não notamos, mas precisamos da memória também, por exemplo, para associar aquela bicicleta caída a um tombo que levamos ou para acertar o trajeto da cozinha à sala.

Na infância, quando aprendemos a andar, há uma explosão de conexões entre as células cerebrais. Cada experiência, por mais trivial que seja, imprime uma marca no cérebro, formando um circuito entre neurônios. Já as memórias que perdem o interesse vão sendo descartadas. Essa constante transformação do cérebro impede que haja duas pessoas iguais no mundo.

Uma curiosidade da memória é a seleção. Convenhamos: armazenar tudo seria tão inútil quanto não guardar nada. Então, para não se sobrecarregar, o cérebro é sábio. Divide as tarefas e usa tipos diferentes de memória. Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descartável. Essa é a memória de trabalho. O cérebro sabe que não precisa guardar informações corriqueiras por muito tempo. Por isso, reserva espaço para a memória de longa duração. Dessa forma, o cérebro escolhe o que vai formar nossa bagagem de experiências.

Algumas lembranças, entretanto, parecem emergir do nada: uma música pode reacender as sensações de um jantar romântico. Nesse caso, o cérebro associou a melodia ao rosto, ao cheiro, ao nome de uma pessoa. Naquele momento, neurônios formaram conexões para reconhecer todos os detalhes. A imagem foi montada pelo córtex visual: o perfume foi reconhecido no córtex olfativo; a música e as emoções do momento foram registradas em outras áreas do cérebro.

Mesmo finda a sequência, a cena ainda não estará completamente arquivada. As informações, frescas, precisam passar pelo hipocampo, que, como uma cola, reforçará cada elo do circuito de neurônios. Uma interrupção pode, inclusive, causar a desgravação ou a não gravação. Por isso, depois de um acidente de carro, por exemplo, a vítima esquece momentos imediatamente anteriores à batida. Um trauma interrompeu uma fase de gravação.

Uma vez fixado, um circuito de neurônios pode ficar no cérebro por décadas. Por isso, tempos depois, num bar, distraído, você ouve aquela música e pronto! Uma coisa puxa a outra e será suficiente para reativar todo o circuito. Aliás, a lembrança pode ser até mais agradável do que foi o acontecimento real.

Adaptado de: VARELLA, Dráuzio. "O cérebro e a mente" (Série 'Cérebro, a máquina'). Disponível em: http://www.drauziovarella.com.br

domingo, 17 de outubro de 2010

Carne do futuro pode ser artificial, diz cientista

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES


Se você gosta de carne, corra para uma churrascaria, porque renomados cientistas acreditam que em 40 anos não haverá suculentos bifes para todo mundo. Muitos terão de comer carne produzida em laboratório.

A advertência faz parte de uma série de 21 artigos científicos encomendados pelo governo britânico para projetar a situação alimentar do mundo em 2050. As conclusões: a população será de 9 bilhões de pessoas, e o consumo per capita de alimentos também crescerá, principalmente nos países em desenvolvimento.

Por isso, será necessário aumentar muito a produção de alimentos. Haverá competição por terra e por água, e o preço da comida vai subir. Nos últimos anos, a tecnologia ajudou. Técnicas de plantio, melhora nas sementes e controle de pragas aumentaram a produtividade.
Na pecuária, estudos genéticos, inseminações artificiais e redução de doenças fizeram os animais terem mais peso (30% a mais no caso das vacas desde 1960) e darem mais leite (30% a mais por vaca no mesmo período).

Chegará um momento, porém, em que preconceitos deverão ser deixados de lado. Aí entra a carne artificial, ou produzida em laboratório.

"A carne in vitro já se provou factível e pode ser produzida de uma forma mais saudável e higiênica que na pecuária atual", disse Philip Thornton, do Instituto Internacional de Pesquisas em Pecuária de Nairóbi, no Quênia.

Estudos sobre carne in vitro começaram há cerca de dez anos. Trata-se de retirar células de um animal vivo e fazer com que se reproduzam até virar tecido muscular. Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim.

Curioso é que a discussão surja agora, quando o Reino Unido investiga se a carne de filhos de uma vaca clonada foi ao mercado sem aviso a autoridades e consumidores.
Para os cientistas, a necessidade poderá obrigar a população que hoje teme animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratório.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/784128-carne-do-futuro-pode-ser-artificial-diz-cientista.shtml. Acesso em 18 de ago. 2010.


1. As frases a seguir foram retiradas do texto. Nelas os verbos estão destacados. Identifique em que tempo eles se encontram: (pretérito, presente. futuro)

a) Renomados cientistas acreditam que em 40 anos não haverá suculentos bifes para todo mundo.
b)A advertência faz parte de uma série de 21 artigos científicos.
c) A população será de 9 bilhões de pessoas, e o consumo per capita de alimentos também crescerá, principalmente nos países em desenvolvimento.
d) Haverá competição por terra e por água, e o preço da comida vai subir.
e) Técnicas de plantio, melhora nas sementes e controle de pragas aumentaram a produtividade.
f) Chegará um momento, porém, em que preconceitos deverão ser deixados de lado.
g) Estudos sobre carne in vitro começaram há cerca de dez anos.
h) Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim.

2. Escreva o infinitivo de cada verbo destacado no quesito anterior, separando-os pela conjugação.

3. Como você sabe, há três modos verbais: (indicativo - indica certeza; subjuntivo - indica dúvida, possibilidade; imperativo - indica ordem, pedido, sugestão). Em que modo se encontram todos os verbos destacados no quesito 1? Justifique sua resposta.

4. Em que modo está o verbo destacado da frase abaixo? Justifique sua resposta.

"Se você gosta de carne, corra para uma churrascaria."

5. Reescreva as frases a seguir colocando os verbos destacados no futuro.

"Técnicas de plantio, melhora nas sementes e controle de pragas aumentaram a produtividade."
"Em janeiro, europeus criaram carne de porco assim."

6. Transforme as locuções verbais a seguir em formas verbais simples, mantendo o mesmo sentido das frases.

a) Haverá competição por terra e por água, e o preço da comida vai subir.
b) Muitos terão de comer carne produzida em laboratório.

7. As locuções verbais a seguir dão às frases uma ideia de possibilidade. Reescreva essas frases transformando as locuções verbais em formas verbais simples e, ao mesmo tempo, dando ao enunciado um tom de certeza.

a) Carne do futuro pode ser artificial, diz cientista.
b) Para os cientistas, a necessidade poderá obrigar a população que hoje teme animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratório.


RESPOSTAS A SEGUIR

1.
a) presente; futuro
b) presente
c) futuro, futuro
d) futuro
e) pretérito
f) futuro; futuro
g) pretérito
h) pretérito

2.
1ª conjugação - acreditar, aumentar, chegar, começar, criar
2ª conjugação - haver, fazer, ser, crescer, dever,
3ª conjugação - (Não há)

3.
Todos os verbos destacados no quesito 1 estão no modo indicativo, pois indicam ceerteza.

4.
O verbo em destaque se encontra no modo imperativo, porque está fazendo um pedido, dando uma sugestão.

5.
aumentarão e criarão

6.
a) subirá
b) comerão

7.
a) serão
b) obrigará




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A irmã da Terra

A descoberta de um planeta muito parecido com o que habitamos abre uma possibilidade espetacular: a existência de vida extraterrestre

Há apenas vinte anos, não existia comprovação da existência de planetas fora do sistema solar. Com o avanço da tecnologia de observação do espaço, os astrônomos já conseguiram descobrir quase 500 deles no universo. São os chamados exoplanetas. Na semana passada, dois cientistas americanos anunciaram a descoberta do exoplaneta que, entre todos os já avistados, guarda maior similaridade com a Terra. Batizado de Gliese 581g, ele orbita em torno da estrela Gliese 581, na constelação de Libra. “Seu tamanho, força de gravidade e variação de temperatura na superfície fazem dele um astro muito parecido com o planeta que habitamos”, disse a VEJA o astrônomo Steven Vogt, da Universidade da Califórnia, um dos autores da descoberta. O Gliese 581g foi avistado depois de onze anos de observações. Os pesquisadores também cruzaram seus dados com os da equipe de astrônomos suíços que, há três anos, descobriu quatro planetas orbitando a Gliese 581. Em um deles, identificaram-se semelhanças com a Terra, mas o astro agora descoberto pode ser considerado um irmão de nosso planeta.

O Gliese 581g orbita seu sol na região que, em astronomia, se chama zona habitável de um sistema estelar. Nessa região, um planeta recebe calor na quantidade exata para permitir a existência de água em estado líquido em sua superfície. É possível, portanto, que o Gliese 581g abrigue alguma forma de vida – mas dificilmente se poderá saber. O planeta está localizado a 20 anos-luz da Terra, o equivalente a 190 trilhões de quilômetros. A distância é pequena para os padrões cósmicos, mas impossível de ser percorrida por uma nave espacial, muito menos por uma nave tripulada. Uma viagem a Gliese 581g num dos ônibus espaciais da Nasa levaria 766000 anos, quatro vezes o tempo que o Homo sapiens habita a Terra.

A Gliese 581 é uma estrela anã vermelha, um astro de luminosidade inferior à do Sol e está na metade de sua vida – deve brilhar por “apenas” mais 5 bilhoes de anos. Até a descoberta de seu sistema, nenhum dos exoplanetas observados apresentava condições adequadas para abrigar vida da forma que a conhecemos. Eles são, na maioria, imensas bolas de gases venenosos com força gravitacional colossal. O Gliese 581g abre uma nova fronteira na astrofísica.

Alexandre Salvador. Veja, ed. 2185 – ano 43 – nº 40 – 6 de outubro de 2010.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Abelha operária

A abelha parece uma bolinha de pelúcia esvoaçante, com o seu pequeno bumbum listado que abriga um ferrão amedrontador. Mas seu corpo é mais do que isso.

Examinada de perto, a abelha é um conjunto maravilhoso de ferramentas de trabalho, a microoficina viva que sustenta uma sociedade de insetos. De cada parte do seu corpo depende o sucesso da colmeia.

Um pouco do trabalho da abelha pode ser acompanhado quando ela está visitando seus pontos de abastecimento. São os pequenos supermercados coloridos e perfumados onde ela vai buscar os ingredientes para a alimentação da colmeia: as flores.

A abelha é atraída pelo colorido e cheiro das flores, mas seus olhos enxergam as cores de forma diferente dos nossos. A abelha não percebe a cor vermelha, por exemplo. A seus olhos, uma flor vermelha parecera negra ou cinza. Em compensação, a abelha percebe uma luz que nossos olhos não percebem: a luz ultravioleta.

Muitas flores têm um colorido mais atraente perto do lugar onde produzem o néctar, um líquido adocicado que alimenta muitos tipos de insetos.

A abelha procura o néctar nas flores e pode enxergar, nas pétalas, alguns sinais indicadores do "lugar de néctar". São sinais que refletem a luz ultravioleta, que nós não percebemos, mas ela sim.

Iniciando um mergulho rumo ao interior da flor, a abelha vai afastando qualquer obstáculo que dificulte seu caminho em direçao ao néctar. Ela se introduz em um emaranhado de peças parecidas com cotonetes compridos. São os órgãos reprodutores da flor. As pontas desses "cotonetes" estão cheias de pólen, um pozinho amarelado que serve paro a fecundação das plantas.

O corpo da abelha vai ficando cheio de pólen enquanto ela força passagem para chegar ao fundo do cálice formado pelas pétalas da flor.

Quando a abelha atinge o fundo do cálice, encontra finalmente as gotinhas açucaradas que procurava. Desdobra então uma língua comprida e começa a chupar as gotinhas como se estivesse tomando suco com canudinho. As gotas de néctar são sugadas para um depósito no corpo da abelha. Quando a abelha chegou à colmeia, o néctar coletado será entregue para as outras abelhas e, só então, se transformará em mel.

Depois de chupar bastante néctar no fundo da flor, a abelha recolhe sua língua, dobrando-a por baixo da cabeça. Sai então de marcha à ré e voa para procurar outra flor.



Por que algumas aves voam em bando formando um V?

Elas parecem ter ensaiado. Mas é claro que isso não acontece. Quem nunca viu ao vivo, já observou em filme ou desenho animado aquele bando de aves voando em "V". Segundo os especialistas, esta característica de voo é observada com mais frequência nos gansos, pelicanos, biguás e grous.
Há duas explicações para a escolha dessa formação de voo pelas aves.
A primeira consiste na economia de energia que ela proporciona. Atrás do corpo da ave e, principalmente, das pontas de suas asas, a resistência do ar é menor e, portanto, é vantajoso para as aves voar atrás da ave dianteira ou da ponta de sua asa. Ou seja: ao voarem desta forma, as aves poupariam energia, se esforçariam menos, porque estariam se beneficiando do deslocamento de ar causado pelas outras aves. Isso explicaria, até, a constante substituição do líder nesse tipo de bando.
Essa é a primeira explicação para o voo em "V". E a segunda? O que diz? Ela sustenta que esse tipo de voo proporcionaria aos integrantes do bando um melhor controle visual do deslocamento, pois em qualquer posição dentro do "V" uma ave só teria em seu campo de visão outra ave, e não várias. Isso facilitaria todos os aspectos do voo. Os aviões militares de caça, por exemplo, voam nesse mesmo tipo de formação, justamente para ter um melhor campo de visão e poder avistar outros aviões do mesmo grupo.
Essas duas explicações não são excludentes. É bem possível que seja uma combinação das duas o que torna o voo em "V" favorável para algumas aves.

(NACINOVIC, Jorge Bruno, Por que algumas aves... Ciência Hoje das Crianças, Rio de Janeiro, n. 150, set. 2004.)

Por que a ida é sempre mais demorada que a volta?


Essa sensação acontece com todo mundo que viaja – desde que tenham sido feitostrajetos idênticos, na mesma velocidade, em sentidos opostos. Isso porque o nosso cronômetro interno não funciona com perfeita regularidade e muitas vezes engana a noção de tempo. As estruturas neurais que controlam a percepção temporal estão localizadas na mesma área do cérebro que comanda a nossa concentração.


Isso significa que, se a maior parte dessa área estiver voltada a prestar atenção nocaminho, nas placas e na paisagem, não conseguimos nos concentrar no controle de tempo. E aí não saberemos quanto tempo, de fato, a viagem levou. Na ida, a descoberta de novos lugares influi na percepção de distância, e achamos que estamos demorando mais. Nossa preocupação é: “Quando vamos chegar?” Na volta, com o caminho já conhecido, a concentração se dispersa e a percepção de tempo é alterada para menos, dando a impressão que o trajeto passou mais depressa.


Rafael Tonon


Fonte: Revista Superinteressante - Edição 241 - Julho de 2007, pág. 50.


Pombos e rodovias


Já se desconfiava que pombos-correios seguiam grandes rodovias e ferrovias para voltar para casa. Isso chegou a ser observado em estudos feitos a partir de aviões e helicópteros.

Para testar essa hipótese, pesquisadores colocaram nas costas dessas aves um diminuto aparelho de posicionamento global por satélite – mais conhecido pela sigla, em inglês, GPS – para mapear com precisão o movimento dos animais. Por três anos foram observados 216 voos de pombos-correios já experientes que cumpriram trajetórias de até 50 km nas redondezas de Roma.

A conclusão é que eles realmente seguem grandes estradas na volta ao lar, principalmente no início e no meio da jornada. E isso ocorre mesmo quando essa rota os afasta do percurso mais curto para casa. Segundo os autores, ao optar por essa estratégia, os pombos podem tornar a navegação mais simples, sem precisar ativar sua “bússola” interna, e, assim, dedicar, por exemplo, mais atenção a possíveis predadores.

(Pombos e rodovias. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, set. 2004.)

E se...

...A Terra tivesse só um continente?

por Alexandre Versignassi e Ricardo Neves Torres

Para começar, a humanidade não existiria. Só estamos aqui porque uma floresta tropical na África secou há 5 milhões de anos, virou savana. Aí meia dúzia de macacos ficou sem árvores. Teve de se virar no chão. E os filhos dos filhos desse bando são a gente. Num mundo de um continente só, o clima seria tão diferente que acontecer a mesma coisa no mesmo lugar seria coincidência demais. Mas ok: vamos trabalhar com a hipótese de que a coincidência aconteceu. Nesse caso, viveríamos num mundo mais seco. É que, se os continentes fossem unidos, não haveria o Atlântico. A maior parte do planeta ficaria longe do mar. Quando isso acontece, a umidade do ar baixa. Então as chuvas diminuem e a quantidade de água doce também. Vira quase tudo um desertão. Só isso já mudaria os rumos da história. Só que o mais surreal é outra coisa. Isso já aconteceu pelo menos duas vezes: há 750 milhões e há 250 milhões de anos. Os continentes se movem devagar, mas sempre. Se desse para ver esse movimento em câmera acelerada, veríamos os continentes pulsar como um coração. Agora mesmo, as Américas se afastam da África e da Europa a uma velocidade de 7 cm/ano. O deslocamento dessa massa levantou a cordilheira dos Andes - e continua levantando: sabe quando você arrasta areia com a mão e um montinho se forma naturalmente? É a mesma coisa. Só que com terremotos - por isso a área mais sujeita a eles no mundo é justamente a linha onde estão os Andes. Daqui a 50 milhões de anos, a Europa e a África vão estar bem mais longe daqui. Mais tarde o processo deve se inverter e formar outro supercontinente. E aí tudo o que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia. Num indo e vindo infinito.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/cultura/continente-clima-temperatura-populacao-547612.shtml Acessado em 29/09/2010



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Respostas do estudo do texto

O poeta aprendiz

(Pág. 189)

  1. Sugestão: valente, caprino, sadio, grimpante.

a) Tangerina, pião e menina.

b) Que ele é rápido, ágil, que se movimenta como um passarinho.

  1. Uma vez o menino se embolou com três, ou seja, que ele brigou com três.
  2. a) “Caía exato como um gato.” (O gato sempre cai em pé)

b) “Passava da conta de tanto driblar.” (Quer dizer que ele jogava muito bem)

  1. Os amores que tinha.
  2. Sugestão: Escreveria sobre sua vida, suas brincadeiras, etc.

(Pág. 190)

  1. É a própria planta, o copo-de-leite.
  2. Sugestão: O poeta pode reinventar a realidade a partir dos seus sentimentos.

  1. a) A beleza do leão, o desejo de namorar a estrela.

b) O primeiro está organizado em duas linhas e o segundo em oito linhas (versos); cada verso corresponde a uma linha.

c) O texto 2, pois o poema de Vinícius também não ocupa toda a linha.

  1. a) Há 67 versos.

b) Uma estrofe.

3. (Resposta pessoal)

  1. Que terminam com sons iguais: fazia e poesia; bonita e escrita.
  2. a) lua e rua / jóia e bóia

b) Umas ocupam o final do versos, outras não.

  1. Sim. Todos os versos têm cinco sílabas poéticas.

(Pág. 192)

  1. b) O poema fala sobre o relógio, e a sonoridade do poema é semelhante a um relógio em movimento.

c) Vão, vêm, não, vão

  1. a) Resposta pessoal.

b) Que ele fala de uma infância antiga, diferente da atual.

c) Resposta pessoal.

  1. Pião, gude de bilha (bola de gude), bola de meia.
  2. Resposta pessoal.
  3. Sua infância.
  4. Não. Ele foi escrito para qualquer pessoa que se interessa pela linguagem poética.

(Pág. 193)

  1. a) Representa o barulho dos instrumentos de caça do menino.

b) “plim e plão”

c) As duas palavras representam sons.

  1. a) O olhar rápido e poderoso como um raio. Caía em pé, firme como um gato cai.

b) As palavras “parecia” e “como”.