domingo, 31 de agosto de 2008

Saindo da seqüência de poetas marginais, vamos degustar um pouco de Manuel Bandeira:


Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

Eu, hoje, acordei mais cedo
e, azul, tive uma idéia clara.
Só existe um segredo.
Tudo está na cara.

Paulo Leminski. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Aqui

nesta pedra

alguém sentou
olhando o mar

o mar
não parou
pra ser olhado

foi mar
pra tudo quanto é lado


Paulo Leminsky. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Vento vadio

Às vezes vem um vento
e levanta a aba do pensamento
jogando o meu chapéu
pra lá da possibilidade


Chacal. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Arte do chá


ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo

praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

Paulo Leminski. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006

A noite

me pinga uma estrela no olho

e passa


Paulo Leminski. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
A noite
me pinga uma estrela no olho
e passa

Paulo Leminski. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Erra de uma vez

nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez

Paulo Leminsky. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
É proibido pisar na grama

O jeito é deitar e rolar


Chacal. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
O bicho alfabeto
tem vinte e três patas
ou quase

por onde ele passa
nascem palavras
e frases

com frases
se fazem asas
palavras
o vento leve

o bicho alfabeto
passa
fica o que não se escreve

Paulo Leminsky. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Desencontrários

Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si
A sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército
para conquistar um império extinto.

Paulo Leminski. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Papagaio

estranho poder o do poeta
escolhe entre quase e cais
quais palavras lhe convêm
depois as empilha papagaio
e as solta no céu do papel


Chacal. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Na folha de caderno

Queria te dizer coisas singelas e verdadeiras
mas as palavras me embaraçam.
Estou triste, meu amor, mas lembre-se de mim com alegria.

Cacaso. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Fotonovela

Quando você quis eu não quis
Qdo eu quis você ñ quis
Pensando mal quase q fui
Feliz

Cacaso. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Vento

Grafar uma música
é como querer
fotografar o vento

A música existe no tempo
a grafia existe no espaço
o vento no vento

Chacal. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006
Delírio puro

Quanto mais louco
lúcido estou.

No fundo do poço que me banho
tem uma claridade que me namora
toda vez que eu vou ao fundo.

Me confundo quando bóio
me conformo quando nado
me convenço quando afundo.

No fim do fundo
eu te amo.


Chacal. Poesia marginal. Ática - Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006


Poemas breves: flechas ligeiras no coração do leitor! Aí vão alguns “petits poèmes” de poetas alternativos ou marginais (que estão à margem da poesia oficial) como são designados.


Happy end

O meu amor e eu
nascemos um para o outro

agora só falta quem nos apresente



Cacaso Poesia marginal. Ática Col. Para Gostar de Ler nº 39 – São Paulo, 2006

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Esse poema vale por um discurso. Mas um discurso sem malabarismos. Ele nos toca porque é simples e vai direto ao ponto.
Estamos cansados de palavras bonitas, de efeitos, de retórica...
Viva a simplicidade! Viva a verdade!

Além da imaginação

Tem gente passando fome.
E não é a fome que você imagina
entre uma refeição e outra.

Tem gente sentindo frio.
E não é o frio que você imagina
entre o chuveiro e a toalha.

Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina
entre a receita e a aspirina.

Tem gente sem esperança.
Mas não é o desalento que você imagina
entre o pesadelo e o despertar.

Tem gente pelos cantos.
E não são os cantos que você imagina
entre o passeio e a casa.

Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina
entre o presente e a mesada.

Tem gente pedindo ajuda.
E não é aquela que você imagina
entre a escola e a novela.

Tem gente que existe e parece imaginação.


Ulisses Tavares Viva a poesia. São Paulo: Saraiva


Quase sempre presos aos nossos pequenos "problemas", esquecemos que há pessoas que sofrem de verdade.
Vamos agradecer pelo muito que recebemos, juntar as mãos e socorrer aqueles que precisam de ajuda até para as necessidades mais simples.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

História bem narrada... que envolve e emociona. Deixe-se levar por essa prosa gostosa!

Os textos que você vai ler a seguir são parte do livro A menina que descobriu o Brasil, de Ilka Brunhilde Laurito. Quem conta a história é a protagonista, Fortunata, uma italianinha de 10 anos que, acompanhada do irmão menor, chega ao Brasil para reencontrar a mãe e o padrasto. A história se passa no início do século XX, quando muitos italianos imigravam para o Brasil e se estabeleciam em São Paulo à procura de trabalho e se concentravam em bairros como o Brás, o Bexiga e a Liberdade, onde ocorre nossa história.

O texto I
é o início do livro. No texto II, Vincenzo Laurito, o padrasto de Fortunata, conta à menina um pouco da história dele.


TEXTO I

Minha história começa numa aldeia italiana, muitos e muitos anos atrás... E continua na cidade brasileira de São Paulo, muitos e muitos anos atrás... Atrás, onde?... Lá, no tempo e no espaço da minha memória.

Eu tinha dez anos quando, com meu irmão Caetaninho, cheguei ao porto de Santos para reunir-me à metade brasileira de minha família: minha mãe, meu padrasto e os meus irmãozinhos nascidos no Brasil.

O mar, aquele grande mar que apaga os rastros de todos os barcos, apagara as imagens de minha infância:
Domenico Gallo, meu pai, vovô Leone, pai de meu pai, vovó Catarina, mãe de minha mãe, todos sepultados
num pequeno cemitério de aldeia. Vivos, mas sepultados na minha lembrança, ficavam, como um aceno de saudade, padre Cherubino, irmão de meu pai, e vovô Vincenzo, pai de minha mãe.

Eu estava em São Paulo, eu estava em 1900. Um mundo novo, um novo século, uma nova idade. O
futuro era agora. E a menina que tinha vindo “fazer a América” ia crescer, deitar ramos, flores e frutos,
como uma árvore da Saracena, desarraigada e replantada em terra alheia.
Vou contar...


TEXTO II

—É uma longa história. Uma triste história.
Vou contar... [diz o padrasto]
E contou. A voz mansa foi saindo pela janela, desceu a rua Tamandaré, seguiu pela rua Glicério, encontrou o caminho do mar e mergulhou nas ondas de um passado naufragado, que agora voltava à tona.
— Eu me casei, lá na Saracena, com uma moça muito boa e trabalhadeira. Éramos camponeses pobres e lavrávamos a terra de outros. Então resolvemos tentar a sorte aqui na América, onde já estava meu irmão mais velho. Juntamos nossas economias e partimos, minha mulher e mais um filhinho de poucos meses. Embarcamos no porto de Gênova, onde a passagem para os imigrantes era mais barata.
— De terceira classe? — perguntei, lembrando-me da minha viagem.
— A classe dos imigrantes. Naqueles primeiros tempos era pior do que agora que você e Caetano vieram. Muito mais gente embarcava para a América, era difícil alimentar direito todo mundo e manter as condições de limpeza do navio. E aconteceu a desgraça.
— Desgraça? — repeti ansiosa.
Vincenzo Laurito pegou um grande lenço do bolso, igual àquele com que enrolava moedas, passou-o pelo nariz. E continuou:
— Sim, desgraça. Uma epidemia de cólera. Doença muito grave, você conhece?
Enquanto eu lhe dizia que, de doença grave, só conhecia o sarampo que me atacara na Saracena, ele explicava:
— É um mal terrível e pode matar em pouco tempo. E foi isso o que aconteceu. As pessoas vomitavam, ficavam amarelas, enfraqueciam, acabavam morrendo. E, como não havia outro jeito, os corpos eram jogados ao mar. Foi assim que eu perdi minha mulher e meu filhinho.
Soltei um grito sincero de horror, enquanto ele levava novamente o lenço ao nariz.
— Uma desgraça, Fortunata. Uma desgraça. O navio chegou ao Rio de Janeiro, mas eu não pude desembarcar. Fiquei de quarentena na Ilha das Flores, depois o Serviço de Imigração me mandou de volta para a Itália. Cheguei à Calábria muito mais pobre do que quando tinha partido, porque já não tinha nem mais a família.
Ouvindo Vincenzo Laurito narrar a história de sua primeira e trágica aventura de imigração, eu contava notas e moedas, pensando que aquele dinheiro não tinha o peso do ouro, não. Tinha o peso da vida.
— E depois? — perguntei, disfarçando a emoção.
Meu padrasto assoou definitivamente o nariz, guardou o lenço no bolso como se, com ele, também guardasse o antigo sofrimento.
— Depois, eu voltei viúvo para Saracena. E aí as comadres da aldeia me falaram de sua mãe, que também era viúva e moça como eu. Daí nós nos casamos, e eu decidi tentar novamente a vida na América com ela. Só que, dessa vez, achei que era mais seguro deixar as crianças na Itália...
Parei de contar as notas. Fiquei olhando aquele homem que, debruçado sobre a mesa, conferia o total das somas que eu fizera. E entendi por que minha mãe dizia, enquanto preparávamos o almoço dos domingos, que ele não era nem um pouco enjoado para comer. Comia de tudo. Menos peixe.
Também entendi por que eu e Caetaninho tínhamos ficado para trás na Saracena. E porque entendi, olhei-o com uma familiaridade nova: ali estava ele, Vincenzo Laurito — o mesmo olhar bondoso, as mesmas mãos rudes e cálidas, os mesmos gestos mansos e até o mesmo nome do meu querido avô Vincenzo Ventimiglia. E descobri que, daí por diante, ia ser muito fácil chamar esse homem de pai.



Ilka BrunhildeLaurito A menina que descobriu o Brasil. São Paulo: FTD, 1999. p. 5-6; 33-5.

O que você e um diamante têm em comum? Leia o texto e se surpreenda!


O DIAMANTE

Um dia, Maria chegou em casa da escola muito triste.
— O que foi? — perguntou a mãe de Maria.
Mas Maria nem quis conversa. Foi direto para o seu quarto, pegou o seu Snoopy e se atirou na
cama, onde ficou deitada, emburrada.
A mãe de Maria foi ver se Maria estava com febre. Não estava. Perguntou se Maria estava
sentindo alguma coisa. Não estava. Perguntou se estava com fome. Não estava. Perguntou o que era, então.
— Nada, disse Maria.
A mãe resolveu não insistir. Deixou Maria deitada na cama, abraçada com o seu Snoopy,
emburrada.
Quando o pai de Maria chegou em casa do trabalho a mãe avisou:
— Melhor nem falar com ela...
Maria estava com cara de poucos amigos. Pior. Estava com cara de amigo nenhum.
Na mesa do jantar, Maria de repente falou:
— Eu não valo nada.
O pai de Maria disse:
— Em primeiro lugar, não se diz “eu não valo nada”. É “eu não valho nada”. Em segundo lugar, não é verdade. Você valhe muito. Quer dizer, vale muito.
— Não valho.
— Mas o que é isso? — disse a mãe de Maria. — Você é a nossa filha querida. Todos gostam de você. A mamãe, o papai, a vovó, os tios, as tias. Para nós, você é uma preciosidade.
Mas Maria não se convenceu. Disse que era igual a mil outras pessoas. A milhões de outras
pessoas.
— Só na minha aula tem sete Marias!
— Querida... — começou a dizer a mãe. Mas o pai interrompeu.
— Maria — disse o pai —, você sabe por que um diamante vale tanto dinheiro?
— Porque é bonito.
— Porque é raro. Um pedaço de vidro também é bonito. Mas o vidro se encontra em toda parte. Um diamante é difícil de encontrar. Quanto mais rara é uma coisa, mais ela vale. Você sabe por que o ouro vale tanto?
— Por quê?
— Porque tem pouquíssimo ouro no mundo. Se o ouro fosse como areia, a gente ia caminhar no ouro, ia rolar no ouro, depois ia chegar em casa e lavar o ouro do corpo para não ficar suja. Agora, imagina se em todo o mundo só existisse uma pepita de ouro.
— Ia ser a coisa mais valiosa do mundo.

— Pois é. E em todo o mundo só existe uma Maria.
— Só na minha sala são sete.
— Mas são outras Marias.
— São iguais a mim. Dois olhos, um nariz...
— Mas esta pintinha aqui nenhuma delas tem.
— É...
— Você já se deu conta que em todo mundo só existe uma você?
— Mas, pai...
— Só uma. Você é uma raridade. Podem existir outras parecidas. Mas você, você mesmo, só existe uma. Se algum dia aparecer outra você na sua frente, você pode dizer: é falsa.

— Então eu sou a coisa mais valiosa do mundo.
— Olha, você deve estar valendo aí uns três trilhões...
Naquela noite a mãe de Maria passou perto do quarto dela e ouviu Maria falando com o Snoopy:
— Sabe um diamante?

(Luis Fernando Verissimo. O santinho. 3a. ed. Porto Alegre: L&PM, 1991. p. 10-2.)
in Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães

terça-feira, 19 de agosto de 2008


A IARA

— Vamos à cachoeira onde mora a Iara — disse. — Essa rainha das águas costuma aparecer sobre as pedras nas noites de lua. É muito possível que possamos surpreendê-la a pentear seus lindos cabelos verdes com o pente de ouro que usa.

— Dizem que é criatura muito perigosa — murmurou Pedrinho.

— Perigosíssima — declarou o Saci. — Todo cuidado é pouco. A beleza da Iara dói tanto na vista dos homens que os cega e os puxa para o fundo d’água. A Iara tem a mesma beleza venenosa das sereias. Você vai fazer tudo direitinho como eu mandar. Do contrário, era uma vez o neto de Dona Benta!...

Pedrinho prometeu obedecer cegamente.

Andaram, andaram, andaram. Por fim, chegaram a uma grande cachoeira cujo ruído já vinham ouvindo de longe.

— É ali — disse o perneta, apontando. — É ali que ela costuma vir pentear-se ao luar. Mas você não pode vê-la. Tem de ficar bem quietinho, escondido aqui atrás desta pedra e sem licença de pôr os olhos na Iara. Se não fizer assim, há de arrepender-se amargamente. O menos que poderá acontecer é ficar cego.

Pedrinho prometeu, e de medo de não cumprir o prometido foi logo tapando os olhos com as mãos.

O Saci partiu, saltando de pedra em pedra, para logo desaparecer por entre as moitas de samambaias e begônias silvestres.

Vendo-se só, Pedrinho arrependeu-se de haver prometido conservar-se de olhos fechados. Já tinha visto o Lobisomem, o Caipora, o Curupira, a Cuca. Por que não havia de ver a Iara também? O que diziam do poder fatal de seus encantos certamente que era exagero. Além disso, poderia usar um recurso: espiar com um olho só. O gosto de contar a toda gente que tinha visto a famosa Iara valia bem um olho.

Assim pensando, e não podendo por mais tempo resistir à tentação, fez como o Saci: foi pulando de pedra em pedra, seguindo o mesmo caminho por ele seguido.

Súbito, estacou, como fulminado pelo raio. Ao galgar uma pedra mais alta do que as outras, viu, a cinqüenta metros de distância, uma ninfa de deslumbrante beleza, em repouso numa pedra verde de limo, a pentear-se com um pente de ouro os longos cabelos verdes cor do mar. Mirava-se no espelho das águas, que naquele ponto formavam uma bacia de superfície parada. Em torno dela centenas de vaga-lumes descreviam círculos no ar; eram a coroa viva da rainha das águas. Jóia bela assim, pensou Pedrinho, nenhuma rainha da terra jamais possuiu. A tonteira que a vista da Iara causa nos mortais tomou conta dele. Esqueceu até do seu plano de olhar com um olho só. Olhava com os dois arregaladíssimos, e cem olhos que tivesse, com todos os cem olharia.

Enquanto isso, ia o Saci se aproximando da mãe-d’água, cautelosamente, com infinitos de astúcia para que ela nada percebesse. Quando chegou a poucos metros de distância, deu um pulo de gato e nhoque! furtou-lhe um fio de cabelo.

O susto da Iara foi grande. Desferiu um grito e precipitou-se nas águas, desaparecendo.

(Monteiro Lobato. Viagem ao céu e O Saci. São Paulo: Brasiliense, 1950. p. 266-8, in Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães)

Estudo do texto:

1. O Saci não permitiu que Pedrinho se aproximasse da cachoeira porque o menos que poderia lhe acontecer era ficar cego.

a) O que poderia acontecer de mais grave a Pedrinho?
Resposta esperada: Pedrinho poderia ser atraído pela beleza da Iara, ser puxado para o fundo do rio e morrer afogado.

b) Que fato do texto comprova que o menino não resistiu à tentação de ver a rainha das águas?
Ele segue o mesmo caminho feito pelo Saci, pulando de pedra em pedra.

2. Segundo a lenda, o Saci-Pererê é um negrinho de uma perna só que anda sempre com um cachimbo na boca e usa um gorro vermelho. Maroto, gosta de pregar peças nas pessoas.

Há, nesse texto, algum fato que comprove esse modo de ser do Saci? Justifique sua resposta.
Sim; o fato de ele, usando de astúcia, furtar um fio de cabelo da Iara.

3. Por que, de acordo com a lógica da história, o Saci poderia se aproximar da Iara, e até vê-la, e Pedrinho não?
Espera-se que o aluno observe que o Saci pode vê-la sem sofrer nenhum dano porque é também uma entidade do folclore, é fruto da crença popular.

Estudos lingüísticos:

1. Nem todo “o”, “a”, “os” e “as” que encontramos são pronomes oblíquos. Muitas vezes são simples artigos definidos. Se eles acompanham um substantivo, são artigos; se, no entanto, substituem um substantivo, são pronomes oblíquos. Sabendo disso, dê a classe gramatical das palavras destacadas.
Use o código:

( a ) Pronome pessoal do caso oblíquo ( b ) Artigo definido

a. ( b ) ( a ) ( b ) Arranque os fios de cabelo da Iara e leve-os imediatamente para o sítio.
b.( b ) ( b ) ( a ) O saci recolheu os fios que ficaram sobre a pedra colocando-os imediatamente no bolso.


2. Destaque o substantivo que cada pronome pessoal oblíquo está substituindo.

a) A Iara costuma aparecer sobre as pedras nas noites de lua. É muito possível que possamos surpreendê-la a pentear seus lindos cabelos verdes com o pente de ouro que usa.

b) É ali que a Iara costuma vir pentear-se ao luar. Mas você não pode vê-la.

c) Enquanto isso, ia o Saci se aproximando da mãe-d’água. Quando chegou a poucos metros de distância, deu um pulo de gato e nhoque! furtou-lhe um fio de cabelo.

d) O Saci pediu a Pedrinho que não olhasse em direção à Iara. O garoto, teimoso, não lhe obedeceu.


3. Há, a seguir, pares de palavras. Acentue, adequadamente, apenas as paroxítonas.

a) caráter – temer b) órfão – solução c) tonel – túnel

4. A alternativa que apresenta erro quanto à acentuação em uma das palavras é:

a) lápis - júri
b) bônus - hífen
c) ânsia - série
d) raízes - amável
x e) itens - núvens

5. Retire do texto um exemplo de palavra paroxítona acentuada graficamente. (0,1)

Há vários exemplos: água, possível, contrário, ruído, begônias, distância, superfície, jóia, astúcia.


Sucesso!

terça-feira, 12 de agosto de 2008





TEXTO 1

Cimento armado

Batem estacas no terreno morto,
No terreno morto surge vida nova.
As goiabeiras do velho parque
E os roseirais, abandonados,
Serão cortados
E derrubados.


Um prédio novo de dez andares,
Frio e cinzento,
Terá seu corpo de cimento armado
Enraizado no velho parque
De goiabeiras
De roseirais.


Batem estacas no terreno morto.
Século vinte...
Vida de aço...
Cimento-armado!


Batem as estacas
No prédio novo, de dez andares,
Terraços tristes,
Pássaros presos,
Rosas suspensas,
Flores da Vida
Rosas de dor.

Paulo Bonfim in Alda Beraldo, Trabalhando com poesia. São Paulo, Ática, 1990.


Estudo do texto

1. O poema “Cimento Armado” e “Poema de Circunstância", de Mário Quintana guardam muitas semelhanças. Indique dois pontos em comum presentes nesses textos.
Falam da construção de prédios altos (arranha-céus) e da derrubada indiscriminada de árvores para a construção desses edifícios.


2. Vimos, durante este bimestre, que é possível identificar o gênero de um texto por sua silhueta. Analisando apenas a silhueta do texto acima, o que nos permite afirmar que se trata de um poema?
O fato de as linhas (chamadas de versos) não ocuparem todo o espaço da folha e o texto dividir-se em blocos ( a que chamamos de estrofes)


TEXTO 2


Eu não o conheci

Meu filho foi embora e eu não o conheci. Acostumei-me com ele em casa e me esqueci de conhecê-lo. Agora que sua ausência me pesa é que vejo como era necessário tê-lo conhecido.

Lembro-me dele. Lembro-me em bem poucas ocasiões.

Um dia, na sala, ele me puxou a barra do paletó e me fez examinar seu pequeno dedo machucado. Foi um exame rápido.

Uma outra vez me pediu que lhe consertasse um brinquedo velho. Eu estava com pressa e não consertei. Mas lhe comprei um brinquedo novo. Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho. O novo estava a um canto.

Eu tinha um filho e agora não o tenho mais porque ele foi embora. E este meu filho, uma noite, me chamou e disse:

– Fica comigo. Só um pouquinho, pai.

Eu não podia; mas a babá ficou com ele.

Sou um homem muito ocupado. Mas meu filho foi embora. Foi embora e eu não o conheci.


Osvaldo França Júnior, As laranjas iguais. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.


Estudo do texto:

1. Responda:
a) Quem é o narrador do texto?
b) Ele é um narrador-observador ou um narrador personagem?
2. O pai, ao contar suas lembranças, nos apresenta um filho pequeno. retire uma passagem do texto que comprove essa imagem de criança pequena.
3. “Agora que sua ausência me pesa...”

Essa frase, retirada do texto, deixa transparecer que, hoje, o pai se sente como?
Ele se sente arrependido, triste, com crise de consciência.

4. O pai não consertou o brinquedo do filho. Comprou-lhe um novo
.

a) O menino gostou do brinquedo?
Provavelmente não.

b) Retire a passagem do texto que comprova a sua resposta à pergunta anterior.
"Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho."

c) O que o pai deveria ter entendido a partir da reação de seu filho?

Que não era um brinquedo novo que o filho queria, mas a sua atenção, a sua presença, um pouco de dedicação e de participação consertando-lhe o brinquedo velho.


Estudos linguísticos

1. Os textos nem sempre são lidos do mesmo modo. Vimos, ao final da 4ª unidade do nosso livro, que há a leitura global, a leitura tópica e a leitura item a item. Dê um exemplo para cada um desses tipos.
Possibilidades: Leitura global - um texto comum, um poema. Leitura tópica - consulta a um dicionário, a uma lista telefônica ou de endereço; a consulta a uma bula. Leitura item a item - um manual de instrução, uma receita culinária.


2. Retire três adjetivos do 3º parágrafo do TEXTO 2. Em seguida, diga a que substantivos eles se referem.

pequeno e machucado (Referem-se ao substantivo dedo)

rápido (Refere-se ao substantivo exame)

3. A mudança de posição da palavra novo nas frases abaixo altera-lhes o sentido. Explique essa mudança.

Ele comprou um prédio novo de dez andares. ( 1 ) Ele comprou um novo prédio de dez andares. ( 2 )

Frase 1 Com novas instalações; que ainda vai ser inaugurado ou que foi inaugurado recentemente.
Frase 2
Um outro prédio (não necessariamente novo).


4. Transforme as locuções adjetivas em adjetivos.

a) Água de rio fluvial
b) Amor de pai paterno
c) Raça de homens humana
d) Amor de irmão fraterno
e) Trabalho com a mão manual
f) Jogada de mestre
magistral

Sucesso!
TEXTO 1

O menino rico

Nunca tive brinquedos
Brinco com as conchas do mar
E com a areia da praia.
Brinco com as canoas dos coqueiros
Derrubadas pelo vento.
Faço barquinhos de papel
E minha frota navega,
Nas águas da enxurrada.
Brinco com as borboletas,
Nos dias de sol,
E nas noites de lua cheia
Visto-me com os raios do luar.
Na primavera teço coroas de flores perfumadas.
As nuvens do céu são navios,
São bichos, são cidades.
Sou o menino mais rico do mundo
Porque brinco com o Universo,
Porque brinco com o infinito.

Maria Alice do Nascimento e Sílvia Leuzinger, O diário de Marcos Vinícius. Rio de janeiro, Nova Fronteira, 1982.


Estudo do texto

1. O título do poema é O menino rico. Porém, logo no primeiro verso, aparece a afirmação “nunca tive brinquedos”. Como você explica essa aparente contradição: alguém que é rico e nunca teve brinquedos?
O garoto do poema não é rico por ter dinheiro, mas por poder desfrutar plenamente da natureza. Ele brinca, na verdade, com as coisas que a natureza oferece, usando a criatividade. Enfim, ele é rico em imaginação.

2. Vimos, durante este bimestre, que é possível identificar o gênero de um texto por sua silhueta. Analisando apenas a silhueta do texto acima, o que nos permite afirmar que se trata de um poema?
As linhas (que no poemas chamamos verso) não ocupam todo o espaço da folha.


TEXTO 2


Eu não o conheci

Meu filho foi embora e eu não o conheci. Acostumei-me com ele em casa e me esqueci de conhecê-lo. Agora que sua ausência me pesa é que vejo como era necessário tê-lo conhecido.

Lembro-me dele. Lembro-me em bem poucas ocasiões.

Um dia, na sala, ele me puxou a barra do paletó e me fez examinar seu pequeno dedo machucado. Foi um exame rápido.

Uma outra vez me pediu que lhe consertasse um brinquedo velho. Eu estava com pressa e não consertei. Mas lhe comprei um brinquedo novo. Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho. O novo estava a um canto.

Eu tinha um filho e agora não o tenho mais porque ele foi embora. E este meu filho, uma noite, me chamou e disse:

– Fica comigo. Só um pouquinho, pai.

Eu não podia; mas a babá ficou com ele.

Sou um homem muito ocupado. Mas meu filho foi embora. Foi embora e eu não o conheci.

Osvaldo França Júnior, As laranjas iguais. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.

Estudo do texto:


1. Responda:

a) Quem é o narrador do texto?
O pai do garoto.
b) Ele é um narrador-observador ou um narrador-personagem?
Narrador-personagem.
2. O pai, ao contar suas lembranças, nos apresenta um filho pequeno. Retire uma passagem do texto que comprove essa imagem de criança pequena.
Frases possíveis: "Um dia, na sala, ele me puxou a barra do paletó e me fez examinar seu pequeno dedo machucado." "Na noite seguinte, quando entrei em casa, ele estava deitado no tapete, dormindo e abraçado ao brinquedo velho." "Eu não podia; mas a babá ficou com ele."

Estudos lingüísticos

1. Os textos nem sempre são lidos do mesmo modo. Vimos, ao final da 4ª unidade do nosso livro, que há a leitura global, a leitura tópica e a leitura item a item. Dê um exemplo para cada um desses tipos.
Possibilidades: Leitura global - um texto comum, um poema. Leitura tópica - consulta a um dicionário, a uma lista telefônica ou de endereço; a consulta a uma bula. Leitura item a item - um manual de instrução, uma receita culinária.


2. Retire do TEXTO 1 dois exemplos de locuções adjetivas que podem se transformar em adjetivos e um exemplo de locução adjetiva para a qual não há adjetivo equivalente.
Possibilidades: Locuções que podem se transformar em adjetivos: do mar, de sol, de flores, do céu. Que não costumam se transformar em adjetivos: da praia, dos coqueiros, da enxurrada, do luar.

3. Às vezes a posição do adjetivo na frase altera o seu significado. Leia os enunciados e explique as mudanças.

Era uma senhora pobre. ( 1 ) Era uma pobre senhora. ( 2 )

Frase 1 : Uma senhora que não tinha recursos, dinheiro.
Frase 2 : Uma senhora que passava por dificuldades, sofrimentos.

4. Transforme as locuções adjetivas em adjetivos.
a) Azul do céu celeste
b) Água da chuva pluvial
c) Brisa do mar marítima
d) Rosto de anjo angelical
e) Trabalhador do campo rural ou campestre
f) Comportamento de criança infantil



Sucesso!

domingo, 10 de agosto de 2008

Releia o Poema de Circunstância, presente no seu livro didático, página 63. Em seguida, leia o poema abaixo.

Cimento armado

Batem estacas no terreno morto,
No terreno morto surge vida nova.
As goiabeiras do velho parque
E os roseirais, abandonados,
Serão cortados
E derrubados.

Um prédio novo de dez andares,
Frio e cinzento,
Terá seu corpo de cimento armado
Enraizado no velho parque
De goiabeiras
De roseirais.

Batem estacas no terreno morto.
Século vinte...
Vida de aço...
Cimento-armado!

Batem as estacas
No prédio novo, de dez andares,
Terraços tristes,
Pássaros presos,
Rosas suspensas,
Flores da Vida
Rosas de dor.



Paulo Bonfim in Alda Beraldo, Trabalhando com poesia. São Paulo, Ática, 1990.

Belo poema.

O menino rico


Nunca tive brinquedos
Brinco com as conchas do mar
E com a areia da praia.
Brinco com as canoas dos coqueiros
Derrubadas pelo vento.
Faço barquinhos de papel
E minha frota navega,
Nas águas da enxurrada.
Brinco com as borboletas,
Nos dias de sol,
E nas noites de lua cheia
Visto-me com os raios do luar.
Na primavera teço coroas de flores perfumadas.
As nuvens do céu são navios,
São bichos, são cidades.
Sou o menino mais rico do mundo
Porque brinco com o Universo,
Porque brinco com o infinito.

Maria Alice do Nascimento e Sílvia Leuzinger, O diário de Marcos Vinícius. Rio de janeiro, Nova Fronteira, 1982.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

EXERCÍCIOS

Transforme as locuções adjetivas em adjetivos.


Região do abdômen ____abdominal______
Planta da água ________aquática_______
Teor de álcool _________alcoólico______
Pressão da artéria ______arterial_______
Atividade do cérebro ____cerebral_______
Azul do céu ___________celeste________
Água de chuva _________pluvial_______
Área da cidade __________urbana______
Problema do coração ______cardíaco_____
Ração do dia _____________diária______
Calendário da escola ________escolar____
Era do gelo ______________glacial_____
Faixa de idade _____________etária____
Festa de junho ____________junina_____
Brisa do mar ______marítima ou marinha_
Região das nádegas ____glútea___________
Coroa de rei ___________real___________
Água de rio ____________fluvial________
Alimento sem sal ________insípido______
Frutinhas da selva _______silvestres_____
Animais da selva ________selvagens_____
Cordão do umbigo _______umbilical_____
Estudo da Bíblia __________bíblico_____
Espetáculo de cinema __cinematográfico__
Debate da democracia _democrático_____
Intervenção de Deus ________divina____
Movimento de estudantes _estudantil____
Ensaio de fotografia ______fotográfico___
Sarau de poesia ___poético____________
Faixa de presidente __presidencial______
Sangue das veias ___venoso____________
Fratura do osso ___óssea______________
Olhos de águia _______aquilinos_______
Rosto de anjo ________angelical_______
Relatório do ano _______anual_________
Problemas de audição ___auditivos______
Adulto sem barba _______imberbe______
Higiene da boca __bucal / oral__________
Sino de bronze ______brônzeo_________
Creme de cabelo _____capilar_________
Indivíduo sem cabelo _calvo / careca____
Carne de cabra ________caprina_______
Trabalhador do campo __rural / campestre_
Vida de cão __________canina________
Corrida de cavalo ______eqüina________
Pêlo dos cílios __________ciliar________
Atração de circo _________circense_____
Caixa do crânio __________craniana____
Comportamento de criança _infantil______
Impressão do dedo ____digital_________
Fio para dente ___dental_____________
Problema de estômago _estomacal / gátrico_
Creme para face ____facial___________
Criança com febre ___febril___________
Jeito de fera ________ferino_________
Linha de ferro _______férrea_________
Amor de filho _______filial__________
Paixão sem freio __desenfreada_______
Batida de frente ___frontal__________
Som da garganta _______gutural______
Pêlo de gato ___________felino______
Inflamação da gengiva __gengival______
Raça dos homens ____humana________
Barulho de inferno ___infernal________
Amor de irmão ____fraterno_________
Aparência de jovem __juvenil_________
Movimento do lábio __labial__________
Batida de lado __lateral_____________
Juba de leão _____leonina__________
Farinha de leite ___láctea___________
Brilho da lua _____lunar____________
Amor de mãe _____materno_________
Café da manhã _matinal / matutino___
Trabalho com a mão __manual________
Salário do mês ____mensal__________
Jogada de mestre ___magistral_______
Crise de moeda __monetária_________
Comportamento de monstro _monstruoso_
Golpe de morte ______mortal________
Distensão de músculo __muscular______
Desobstruidor de nariz __nasal_________
Festa de Natal ________natalina______
Período da noite _______noturno______
Globo do olho ______ocular__________
Problema de osso ____ósseo__________
Corrente de ouro _____áurea_________
Problema de ouvido _auditivo / ótico___
Amor de pai _______paterno________
Carne de porco _____suína__________
Canção do povo _____popular________
Infecção de pulmão _pulmonar________
Crise de rim __________renal________
Inscrição das rochas ___rupestre_______
Espetáculo de teatro ___teatral________
Caixa do tórax ________torácica______
Força de touro ________taurina_______
Pára-choque de trás ____traseiro_______
Encontro de bispo __episcopal_________
Olhos de vidro ______vítreos__________

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Há dez anos, o poeta José Paulo Paes partiu para a outra margem do rio. Mas deixou eternizados belos poemas...

Madrigal

Meu amor é simples, Dora,
Como a água e o pão.

Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão.



Outro retrato

O laço de fita
que prende os cabelos
da moça do retrato
mais parece uma borboleta.


Um ventinho qualquer
e sai voando
rumo a outra vida
além do retrato.


Uma vida onde os maridos
nunca chegam tarde
com um gosto amargo
na boca.



Passarinho fofoqueiro

Um passarinho me contou
que a ostra é muito fechada,
que a cobra é muito enrolada,
que a arara é uma cabeça oca,
e que o leão marinho e a foca...
xô , passarinho! chega de fofoca!




Convite

Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.


Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.


As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.


Como a água do rio
que é água sempre nova.


Como cada dia
que é sempre um novo dia.


Vamos brincar de poesia?



JOSÉ PAULO PAES. Os melhores poemas de José Paulo Paes.
Seleção Davi Arrigucci Jr. – 5ª. Edição. São Paulo: Global, 2.003. 241 p.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Você consegue encontrar os adjetivos adequados para cada locução adjetiva abaixo? Bom trabalho!
EXERCÍCIOS

Transforme as locuções adjetivas em adjetivos.

Região do abdômen ______________________________________
Planta da água _________________________________________
Teor de álcool __________________________________________
Pressão da artéria _______________________________________
Atividade do cérebro _____________________________________
Azul do céu ____________________________________________
Água de chuva _________________________________________
Área da cidade _________________________________________
Problema do coração _____________________________________
Ração do dia ___________________________________________
Calendário da escola ______________________________________
Era do gelo ____________________________________________
Faixa de idade __________________________________________
Festa de junho __________________________________________
Brisa do mar ___________________________________________
Região das nádegas ______________________________________
Coroa de rei ___________________________________________
Água de rio ____________________________________________
Alimento sem sal ________________________________________
Frutinhas da selva _______________________________________
Animais da selva ________________________________________
Cordão do umbigo ______________________________________
Estudo da Bíblia ________________________________________
Espetáculo de cinema ___________________________________
Debate da democracia __________________________________
Intervenção de Deus ____________________________________
Movimento de estudantes ________________________________
Ensaio de fotografia _____________________________________
Sarau de poesia ________________________________________
Faixa de presidente _____________________________________
Sangue das veias _______________________________________
Fratura do osso _________________________________________
Olhos de águia _________________________________________
Rosto de anjo ___________________________________________
Relatório do ano _________________________________________
Problemas de audição ____________________________________
Adulto sem barba ________________________________________
Higiene da boca _________________________________________
Sino de bronze _________________________________________
Creme de cabelo ________________________________________
Indivíduo sem cabelo _____________________________________
Carne de cabra _________________________________________
Trabalhador do campo ____________________________________
Vida de cão ___________________________________________
Corrida de cavalo _______________________________________
Pêlo dos cílios _________________________________________
Atração de circo ________________________________________
Caixa do crânio _________________________________________
Comportamento de criança ________________________________
Impressão do dedo ______________________________________
Fio para dente _________________________________________
Problema de estômago ___________________________________
Creme para face ________________________________________
Criança com febre _______________________________________
Jeito de fera ___________________________________________
Linha de ferro _________________________________________
Amor de filho __________________________________________
Paixão sem freio ________________________________________
Batida de frente ________________________________________
Som da garganta ________________________________________
Pêlo de gato ___________________________________________
Inflamação da gengiva ____________________________________
Raça dos homens ________________________________________
Barulho de inferno _______________________________________
Amor de irmão __________________________________________
Aparência de jovem _____________________________________
Movimento do lábio _______________________________________
Batida de lado ___________________________________________
Juba de leão ____________________________________________
Farinha de leite __________________________________________
Brilho da lua ____________________________________________
Amor de mãe ___________________________________________
Café da manhã __________________________________________
Trabalho com a mão _____________________________________
Salário do mês _________________________________________
Jogada de mestre _______________________________________
Crise de moeda _________________________________________
Comportamento de monstro _______________________________
Golpe de morte _________________________________________
Distensão de músculo ____________________________________
Desobstruidor de nariz ____________________________________
Festa de Natal __________________________________________
Período da noite _________________________________________
Globo do olho ___________________________________________
Problema de osso ________________________________________
Corrente de ouro ________________________________________
Problema de ouvido ______________________________________
Amor de pai ___________________________________________
Carne de porco _________________________________________
Canção do povo _________________________________________
Infecção de pulmão ______________________________________
Crise de rim ___________________________________________
Inscrição das rochas ______________________________________
Espetáculo de teatro _____________________________________
Caixa do tórax __________________________________________
Força de touro __________________________________________
Pára-choque de trás ______________________________________
Encontro de bispo ________________________________________
Olhos de vidro __________________________________________
Problema de voz _________________________________________


Obs.: Convém observar que nem sempre a locução adjetiva possui um adjetivo correspondente.
Observe:

janela de cima
menino de rua
artigo de primeira
resposta sem-pés-nem-cabeça

Texto ma-ra-vi-lho-so! Uma verdadeira lição de vida. Você vai adorar, eu sei.





O coração roubado


Eu cursava o último ano do primário e como já estava com o diplominha garantido, meu pai me deu um presente muito cobiçado: O coração, famoso livro do escritor italiano Edmondo de Amicis, best-seller mundial do gênero infanto-juvenil. Na página de abertura lá estava a dedicatória do velho, com sua inconfundível letra esparramada. Como todos os garotos da época, apaixonei-me por aquela obra-prima e tanto que a levava ao grupo escolar da Barra Funda para reler trechos no recreio.


Justamente no último dia de aula, o das despedidas, depois da festinha de formatura, voltei para a classe a fim de reunir meus cadernos e objetos escolares, antes do adeus. Mas onde estava O coração? Onde? Desaparecera. Tremendo choque. Algum colega na certa o furtara. Não teria coragem de aparecer em casa sem ele. Ia informar à diretoria quando, passando pelas carteiras, vi a lombada do livro, bem escondido sob uma pasta escolar. Mas... era lá que se sentava o Plínio, não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação e comportamento, o exemplo para todos nós. Inclusive o mais limpinho, o mais bem penteadinho, o mais tudo. Confesso, hesitei. Desmascarar um ídolo? Podia ser até que não acreditassem em mim. Muitos invejavam o Plínio. Peguei o exemplar e o guardei em minha pasta. Caladão. Sem revelar a ninguém o acontecido. Lembro do abraço que Plínio me deu à saída. Parecia estar segurando as lágrimas. Balbuciou algumas
palavras emocionadas. Mal pude retribuir, meus braços se recusavam a apertar o cínico.


Chegando em casa minha mãe estranhou que eu não estivesse muito feliz. Já preocupado com o ginásio? Não, eu amargava minha primeira decepção. Afinal, Plínio era um colega que devíamos imitar pela vida afora, como costumava dizer a professora. Seria mais difícil sobreviver sem o seu exemplo. Por outro lado, considerava se não errara em não delatá-lo. “Vocês estão todos enganados, e a senhora também, sobre o caráter do Plínio. Ele roubou meu livro. E depois ainda foi me abraçar...”


Curioso, a decepção prolongou-se ao livro de Amicis, verdadeira vitrina de qualidades morais dos alunos de uma classe de escola primária. A história de um ano letivo coroado de belos gestos. Quem sabe o autor não conhecesse a fundo seus próprios personagens. Um ingênuo como a nossa professora. Esqueci-o.


Passados muitos anos reconheci o retrato de Plínio num jornal. Advogado, fazia rápida carreira na Justiça. Recebia cumprimentos. Brrr. Magistrado de futuro o tal que furtara meu presente de fim de ano! Que toldara muito cedo minha crença na humanidade! Decidi falar a verdade. Caso alguém se referisse a ele, o que passou a acontecer, eu garantia que se tratava de um ladrão. Se roubava já no curso primário, imaginem agora... Sempre que o rumo de uma conversa levava às grandes decepções, aos enganos de falsas amizades, eu contava, a quem quisesse ouvir, o episódio do embusteiro do Grupo Escolar Conselheiro Antônio Prado, em breve desembargador ou secretário da Justiça.


— Não piche assim o homem — advertiu-me minha mulher.


— Por que não? É um ladrão!


— Mas quando pegou seu livro era criança.

— O menino é o pai do homem — rebatia, vigorosamente.


Plínio fixara-se como um marco para mim. Toda vez que o procedimento de alguém me surpreendia, a face oculta de uma pessoa era revelada, lembrava-me irremediavelmente dele. Limpinho. Penteadinho. E com a mão de gato se apoderando de meu livro.


Certa vez tomaram a sua defesa:


— Plínio, um ladrão? Calúnia! Retire-se da minha presença!


Quando o desembargador Plínio já estava aposentado, mudei-me para meu endereço atual. Durante a mudança alguns livros despencaram de uma estante improvisada. Um deles O coração, de Amicis. Saudades. Havia quantos anos não o abria? Quarenta ou mais? Lembrei da dedicatória de meu falecido pai. Ele tinha boa letra. Procurei-a na página de rosto. Não a encontrei. Teria a tinta se apagado? Na página seguinte havia uma dedicatória. Mas não reconheci a caligrafia paterna.


“Ao meu querido filho Plínio, com todo amor e carinho de seu pai.”
Marcos Rey. O coração roubado e outras crônicas. Col. Para gostar de ler. Ed. Ática.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O adjetivo


Você já pensou no valor que o adjetivo tem? Trata-se de uma classe de palavras muito útil quando se quer descrever algum ser, lugar ou mesmo emoções dos seres...

O adjetivo é a palavra que caracteriza o substantivo (ou o pronome), atribuindo-lhe qualidade, estado ou modo de ser. Ele pode variar em gênero, número e grau, concordando sempre com o substantivo ou pronome ao qual se refere.

gênero: A
mulher ficou encantada com o filme.
Ele ficou encantado com o filme.

número: O ator principal era charmoso e corajoso.
Os atores principais eram charmosos e corajosos.

grau: Ela andava muito assustada ultimamente.

Você notou que ocorrem pequenas alterações nos adjetivos? São justamente as desinências (que você já conhece) que mudam para que os adjetivos se ajustem ao gênero e ao número dos substantivos aos quais se referem.

Substantivo ou adjetivo?

Para sabermos se uma palavra está sendo usada como substantivo ou adjetivo, devemos analisar a frase em que ela se encontra. Observe, por exemplo, o uso da palavra jovem nestas frases:

Um jovem professor entrou na sala. Um jovem entrou na sala.

Na primeira frase, a palavra jovem refere-se ao substantivo professor, atribuindo-lhe uma característica. É, portanto, um adjetivo.
Na segunda frase, a palavra jovem nomeia um ser. Logo, é um substantivo.

Posição dos adjetivos

Às vezes a posição do adjetivo na frase altera o seu significado:

Luís é um velho amigo, que conheço desde a infância.
Luís é um amigo velho, com muita saúde e disposição.

Forma dos adjetivos

Os adjetivos podem ser simples ou compostos.

► Os adjetivos simples são formados por um só elemento.
Exemplos: Bandeira verde. Paletó azul.

► Os adjetivos compostos são formados por mais de um elemento.
Exemplos: Bandeira verde-amarela. Paletó azul-marinho.

Adjetivo pátrio ou gentílico

O adjetivo pátrio, ou adjetivo gentílico, indica nacionalidade, lugar de origem ou procedência.

Exemplos: mulher portuguesa – vinho chileno – cidade européia – música africana

Os adjetivos pátrios podem apresentar forma simples, como nos exemplos anteriores, ou forma composta, como nesses casos:

Acordo luso-brasileiro (Acordo entre Portugal e o Brasil)
Festa ítalo-brasileira (Festa italiana e brasileira)
Luta greco-romana. (Relativo à Grécia e a Roma)

Locução adjetiva

Dia de chuva = Dia chuvoso Dia de sol = Dia ensolarado

Algumas expressões, geralmente formadas de preposição + substantivo, podem modificar um substantivo, exercendo assim a função de adjetivo. Essas expressões são chamadas de locuções adjetivas.

Nos exemplos acima, as expressões de chuva e de sol, que modificam o substantivo dia, são locuções adjetivas. Observe que essas locuções foram transformadas em adjetivos simples.

Veja outros exemplos:

Noite de tempestade = Noite tempestuosa
Festival de estudantes = Festival estudantil
Amor sem fim = Amor infinito

Obs.: Nem sempre as locuções adjetivas podem ser transformadas em adjetivos. Nestes casos, por exemplo, essa transformação é impossível:

Loja de brinquedos carro de corrida lenço de papel


Gênero do adjetivo

Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser biforme e uniforme.

O adjetivo biforme apresenta uma forma para o masculino e outra para o feminino.
Exemplos: aluno atento / aluna atenta
carro bonito / casa bonita
dia claro / noite clara

O adjetivo uniforme apresenta uma só forma para o masculino e o feminino.
Exemplos: homem cruel / mulher cruel
homem gentil / mulher gentil
exercício fácil / resposta fácil


Formação do feminino dos adjetivos

A formação do feminino dos adjetivos simples segue a mesmas regras da formação do feminino dos substantivos.
No caso dos adjetivos compostos, só o último elemento varia no feminino.

Exemplos: acordo luso-brasileiro → festa luso-brasileira
lenço amarelo-claro → camisa amarelo-clara

Exceção. O adjetivo surdo-mudo apresenta variação nos dois elementos: menino surdo-mudo, menina surda-muda

Plural dos adjetivos simples

Para concordar com o substantivo a que se refere, o adjetivo simples flexiona-se em número (singular / plural) conforme as regras aplicadas ao substantivo.

Observe estes exemplos:
cidade bonita → cidades bonitas
trem veloz → trens velozes
pessoa gentil → pessoas gentis
blusa azul → blusas azuis

domingo, 3 de agosto de 2008

E se o seu dentista ou sua dentista de repente resolvesse usar um nariz postiço e não quisesse mais tirá-lo? O que você faria? Divirta-se!












O Nariz


Era um dentista respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade. Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes, mas uma sólida reputação como profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros pretos, sombrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com o Groucho Marx. Mas o nosso dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se à mesa do almoço – sempre almoçava em casa – com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.

- O que é isso? – perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.

- Isso o quê?

- Esse nariz.

- Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei.

- Logo você, papai...

Depois do almoço, ele foi recostar-se no sofá da sala, como fazia todos os dias. A mulher impacientou-se.

- Tire esse negócio.

- Por quê?

- Brincadeira tem hora.

- Mas isto não é brincadeira.

Sesteou com o nariz de borracha para o alto. Depois de meia hora, levantou-se e dirigiu-se para a porta. A mulher o interpelou.

- Aonde é que você vai?

- Como, aonde é que eu vou? Vou voltar para o consultório.

- Mas com esse nariz?

- Eu não compreendo você – disse ele, olhando-a com censura através dos aros sem lentes. – Se fosse uma gravata nova você não diria nada. Só porque é um nariz...

- Pense nos vizinhos. Pense nos cliente.

Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risadas (“Logo o senhor, doutor...”) fizeram perguntas, mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório com dúvidas.

- Ele enlouqueceu?

- Não sei – respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. – Nunca vi ele assim.

Naquela noite ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois vestiu o pijama e o nariz postiço e foi se deitar.

- Você vai usar esse nariz na cama? – perguntou a mulher.

- Vou. Aliás, não vou mais tirar esse nariz.

- Mas, por quê?

- Porque não!

Dormiu logo. A mulher passou metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.

- Papai...

- Sim, minha filha.

- Podemos conversar?

- Claro que podemos.

- É sobre esse nariz...

- O meu nariz outra vez? Mas vocês só pensam nisso?

- Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra um homem como você resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?

- O nariz é meu e vou continuar a usar.

- Mas, por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamãe não tem mais vida social.

- Não tem porque não quer...

- Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?

- Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem. Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.

- Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?

- Se não faz diferença, porque não usar?

- Mas, mas...

- Minha filha...

- Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!

A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço. Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados, numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.

- Você vai concordar – disse o psiquiatra, depois de concluir que não havia nada de errado com ele – que seu comportamento é um pouco estranho...

- Estranho é o comportamento dos outros! – disse ele.

– Eu continuo o mesmo. Noventa e dois por cento de meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de me comportar, Continuo sendo um ótimo dentista, um bom marido, bom pai, contribuinte, sócio do Fluminense, tudo como era antes. Mas as pessoas repudiam todo o resto por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?

- É... – disse o psiquiatra. – Talvez você tenha razão...

O que é que você acha, leitor? Ele tem razão? Seja como for, não se entregou. Continua a usar nariz postiço. Porque agora não é mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios.



Luis Fernando Veríssimo