Em Poema de Circunstância, a temática é o progresso causando a desumanização, acabando com a natureza exuberante do lugar. O eu-lírico luta contra a era moderna: a massificação, cidades grandes, a vida agitada, com o olhar de um condenado (pessimismo). Os versos são irregulares e não há rimas:Poema de Circunstância


Onde estão os meus verdes?
Os meus azuis?
O arranha-Céu comeu!
E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos tiranossauros,
Que mais sei eu...
Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha-céus!
Daqui
Do fundo
Das suas goelas,
Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas gargantas ressecas.
Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
Defronte
À janela onde trabalho
Há uma grande árvore...
Mas já estão gestando um monstro de permeio!
Sim, uma grande árvore... Enquanto há verde,
Pastai, pastai, olhos meus...
Uma grande árvore muito verde... Ah,
Todos os meus olhares são de adeus
Como o último olhar de um condenado!
Mário Quintana. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo, Globo, 1995.
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