DÁ PRA FALAR SEM PALAVRAS?
Desde que se levanta até a hora de se deitar, você manda e recebe informações continuamente, mesmo que nem abra a boca.
Outros meios de expressão
Como as plantas e os animais, também as pessoas podem se comunicar, dizer o que pensam e o que sentem, sem utilizar palavras. Um violinista utiliza a música para transmitir ao público o que sente; um pintor demonstra através de seus quadros sua forma de ver o mundo; os bailarinos usam o corpo para expressar emoções... Você também, quando faz um desenho para alguém, quando dança, quando chora ou ri, está se expressando e se comunicando, mesmo sem usar uma palavra sequer.
Tambores e sinais de fumaça
E se você quiser se comunicar a distância? Pois também existem muitas maneiras diferentes de fazê-lo, sem ter de gritar nem pegar o telefone. É claro que você já viu em algum filme norte-americano os índios do oeste fazendo sinais de fumaça, ou os nativos da África tocando tambores para avisar a tribo de algum perigo. Talvez você saivá que os marinheiros usam a linguagem das bandeiras para estabelecer a comunicação de um barco a outro. E aqui mesmo você ouviu falar do código Morse (baseado em pontos e traços).
Até a rua fala
Na própria rua, bem perto de sua casa, você tem muitos exemplos de comunicação sem palavras. As luzes do semáforo ou os sinais de trânsito dão informações importantíssimas aos motoristas e pedestres. Uma cruz vermelha no chão pode significar que ali há uma farmácia; outros sinais nos indicam os lugares onde podemos ou não estacionar um veículo... Até o uniforme de um policial ou o paletó de um garçom nos dizem, sem utilizar palavras, qual é a profissão dessas pessoas.
E AS MÃOS, FALAM?
Claro! Mesmo quando usamos palavras, em geral as acompanhamos com gestos para nos expressarmos.
Talvez você já tenha visto um espetáculo de mímica. Os mímicos contam histórias sem falar, usando somente os movimentos de seu corpo e os trejeitos de seu rosto. Mas, preste atenção: você também faz muita mímica enquanto fala!
A linguagem do corpo
As carícias, os abraços, as cócegas e inclusive os socos e os chutes são formas de comunicação. Elas podem vir acompanhadas de palavras ou não. Cada cultura tem seus gestos característicos. Por exemplo, quando se cumprimentam, os brasileiros dão um aperto de mão, os japoneses inclinam o tronco e a cabeça numa reverência, e os hindus juntam as mãos diante do peito. Quando fala, você faz gestos que completam sua comunicação: um sorriso, uma piscada de olho ou um enrugar de testa dão um significado especial ao que você diz.
Às vezes, você diz com o rosto exatamente o contrário do que está dizendo com as palavras (como quando perguntam se você gostou de um presente horroroso e você responde com um sorriso amarelo: “Adorei...”).
Em outras vezes, enquanto fala, você desenha com as mãos o que está dizendo (indica a forma e o tamanho das coisas...), ou reforça as idéias (apontando, fazendo um gesto de negação ou de aproximação...).
Os italianos, por exemplo, têm fama de fazer muitos gestos, ao contrário dos japoneses.
Os que falam sem poder falar
Os deficientes auditivos empregam a linguagem dos sinais para comunicar-se. Existem várias línguas de sinais, como a LBS (Língua Brasileira de Sinais).
AS MENSAGENS SÃO SECRETAS?
Considere as seguintes situações: um guarda levantando a mão para parar o trânsito, sua irmã falando ao telefone e um árbitro mostrando o cartão vermelho para expulsar um jogador. As três têm algo em comum; você sabe o quê?
Somos todos mensageiros
Cada fez que se comunica com alguém (falando, escrevendo, gesticulando ou utilizando qualquer outra forma de expressão), você se torna o protagonista de um ato comunicativo. Você é, nesse caso, o emissor, aquele que emite ou comunica. Isso é o que o guarda de trânsito, sua irmã e o árbitro têm em comum nas situações apresentadas: os três são emissores. Um emissor dirige-se sempre a um receptor, ou seja, quem recebe a mensagem. No exemplo acima, os receptores seriam os motoristas dos carros, pessoa com quem sua irmã conversa. O jogador de futebol que recebeu o cartão...
Nem sempre o emissor está perto do receptor (por exemplo, quando você envia uma carta a alguém que está distante), e pode até acontecer de o emissor e o receptor nem se conhecerem, como o autor de um livro e seus leitores.
O mais importante
Num ato comunicativo, geralmente o elemento principal é aquilo que se comunica: a isso chamamos de mensagem. Desde o Pare! Que o guarda faz com a mão, até o Fora do campo! Que o cartão vermelho significa, passando pelas conversas de sua irmã ao telefone, tudo é mensagem.
Um emissor pode transmitir sua mensagem ao receptor com palavras ou gestos. Ou seja, ele pode usar códigos diferentes.
E, para terminar, você também deve levar em conta o contexto, ou seja, a situação na qual acontece a comunicação: um toque do apito não significa o mesmo quando feito por um árbitro de futebol (“Fim do jogo!”) e por um guarda de trânsito (“Circulando!”). Está claro?
O QUE QUER DIZER FALAR BEM?
Se o falar diferencia o homem dos animais, isso significa que falar bem não é simplesmente um capricho de seus professores. Falar bem traz muitos benefícios e serve para muito mais do que você pensa...
O poder da palavra
Desde a Antiguidade, o ser humano sempre acreditou muito no poder da palavra. Com ela reza-se aos deuses, invocam-se espíritos, fazem-se rituais de magia e animam-se os soldados antes de ir à luta... Observe como as palavras são importantes, pois um político pode ganhar ou perder votos de acordo com seu desempenho em um discurso ou debate na TV, e uma declaração de amor bem-feita pode mudar a vida de duas pessoas.
Falar e dizer
Quanto mais você dominar a linguagem, tanto mais fácil será expressar suas idéias e seus sentimentos; você poderá mostrar o que sabe e descobrir aquilo de que necessita saber e, se for o caso, será capaz de convencer os demais. Existem pessoas que sempre usam as mesmas palavras para tudo: coisa, negócio, ô meu...
Outras se apóiam constantemente em muletas, palavras que repetem exageradamente: então, viu, tá, etc. Por isso, quando alguém usa adequadamente as palavras e sabe explicar o que pensa, logo é notado e ouvido com gosto, recebendo mais atenção. Saber comunicar o que se pensa é sempre muito importante, e às vezes pode ser vital. Por exemplo, se você tiver de pedir ajuda em caso de emergência, ou descrever a um médico o que está sentindo, ou ainda defender sua inocência perante um tribunal. Além disso, falar bem pode ser muito importante quando a professora perguntar algo a você!
QUEM INVENTA AS PALAVRAS?
Seus avós falavam de uma maneira diferente da que você faz com seus amigos. Quando lemos um livro de um escritor antigo, como José de Alencar ou Machado de Assis, encontramos muitas palavras que não entendemos. E o mesmo aconteceria com eles se ouvissem você falar.
Palavras de ontem e de hoje
Uma língua não utiliza sempre as mesmas palavras. Algumas saem de moda e tornam-se antiquadas (por exemplo, hoje em dia ninguém diz reclame, mas anúncio ou propaganda). Outras vezes é necessário inventar palavras novas para objetos novos (por exemplo, há oitenta anos não existia a palavra televisão, porque ela ainda não tinha sido inventada).
Quando os europeus chegaram à América (inclusive os portugueses ao Brasil), encontraram elementos desconhecidos para eles, e aproveitaram os nomes que os nativos usavam: batata, mandioca, tomate, tucano, chocolate...
“Imitão!”
Além do mais, as línguas estão em contato umas com as outras e trocam influências. A maioria das palavras usadas na Europa e na América Latina vem do latim, mas cada país conserva palavras usadas pelos povos que o habitaram em épocas diferentes. Os celtas passaram pela península Ibérica e lá deixaram algumas palavras, como colméia e Coimbra; os visigodos, que dominaram a região de Portugal no século VI, deixaram termos como guerra e rico; os árabes, por sua vez, deixaram açúcar, alfaiate e muitos outros vocábulos. E, além disso, mesmo que não tenham vivido em Portugal, encontramos palavras de outros povos no português; do italiano (como sentinela e fragata); do francês (sofá e abajur); do alemão (bigode e brinde); e, hoje em dia, principalmente do inglês (futebol e fax). O português falado no Brasil também recebeu influência dos povos que emigraram para cá. Mas o nosso português tem ainda muitas palavras de origem tupi, a língua da maioria dos índios que aqui viviam antes da chegada dos portugueses, como é o caso dos nomes de muitos lugares: Arapiraca, Niterói, Sorocaba, Paraíba, Pernambuco... Também há muitas palavras de origem africana, trazidas pelos escravos, como berimbau, cachimbo, cafuné, calunga, marimba, vatapá...
Mesma palavra, outro sentido
As palavras estão vivas. Por isso, seu significado pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, há poucos anos, quando alguém dizia mouse (“rato”, em inglês) logo se pensava no Mickey ou no animal roedor. Hoje em dia, naturalmente, você se lembra do mouse do computador. Aliás, computador também é outra palavra que mudou de significado há alguns anos; antes, designava alguém que fazia cálculos; e, hoje, refere-se a uma máquina de múltipla utilidade no nosso cotidiano.
CONSTRUÍMOS FRASES COMO SE FOSSEM CASAS?
Assim como num colégio existem pessoas que são encarregadas de trabalhos diferentes (professores, pessoal de limpeza, da secretaria...), as palavras também têm tarefas diferentes dentro da língua e da linguagem.
Palavras: material de construção
Para construir uma casa, diversos materiais são necessários: tijolos para as paredes, vidros para as janelas, cimento ou madeira para o chão, telhas para o telhado... Além disso, é necessário colocar as portas, torneiras, tomadas, etc.
Depois, quando a casa já está construída, nós a equipamos com móveis, eletrodomésticos, etc. O ato de falar se parece muito com o de construir. Quando você fala, está construindo frases, textos, e utilizando como material as palavras, Mas nem todas as palavras são iguais. Algumas servem para nomear objetos ou pessoas: mesa, bombeiro, feijão...; são o que chamamos de substantivos. Outras servem para nos dizer como essas pessoas ou objetos são: amarela, gordo, gostoso... São os adjetivos. Um grupo de palavras muito importantes são os verbos, pois indicam o que as pessoas ou os objetos fazem: latir, correr, chorar... E finalmente, para dizer-nos como essas coisas foram feitas existem os advérbios, como devagar, logo, bem...
Quem constrói a casa?
Ao fazer a planta de uma casa, um arquiteto desenha os quartos, a sala de estar, a cozinha e o banheiro. Ainda que as casas sejam diferentes, todas costumam ter esses cômodos. Nas frases que você constrói também existem elementos que se repetem. Quando você diz, por exemplo: “Meu primo esteve em Recife”, “A professora explica muito depressa”, “Os alunos da 5ª série vão fazer um passeio”, nessas frases existe alguém (Meu primo, a professora, os alunos da 5ª série) que fez, faz ou fará algo (esteve em Recife, explica muito depressa, vão fazer um passeio). São os sujeitos da frase. Porém, da mesma maneira que existem casas sem sala de jantar, existem também frases sem sujeito, como: “Como chove!”
PEGA MAL NÃO FALAR BEM?
Se ficar muito tempo sem tomar banho, você começará a cheirar mal e a incomodar os outros e a si mesmo. Como vivemos em grupo, precisamos cuida de nossa aparência. Sua maneira de falar é uma parte muito importante de sua aparência.
“Diz-me como falas...”
Pela forma de falar de uma pessoa, geralmente nós podemos descobrir o seu nível cultural, se ela vive na cidade ou no campo, entre outras características. As pessoas do campo conservam palavras e costumes que nas grandes cidades já se perderam, devido à grande influência dos meios de comunicação como a TV e o cinema. Além disso, pela forma de falar também se podem perceber detalhes sobre a personalidade de quem fala.
Existem pessoas, por exemplo, que usam palavras infantis (como bumbum) para evitar outras que lhes parecem demasiadamente fortes. Outras usam diminutivos e palavras próprias do ambiente familiar (como filhinho, tio) mesmo quando não estão falando com familiares. Existem também aqueles que usam querido e meu bem na comunicação com pessoas que mal conhecem.
Por outro lado, há pessoas que habitualmente falam palavrões, mesmo quando não estão bravas. Ou aquelas que estão acostumadas a se dirigir a seus amigos insultando-os “carinhosamente”.
“... e te direi quem és”
Através da linguagem podemos descobrir as idéias políticas de uma pessoa (é só prestar atenção em como ela se refere ao governo ou à oposição), suas idéias religiosas (uma pessoa muito religiosa não costuma usar palavrões ou expressões ofensivas contra as religiões em geral), se é machista (basta ver como um homem, por exemplo, refere-se às mulheres), ou racista (ver se faz uso pejorativo de crioulo, judeu...)
Podemos também identificar sinais de boa educação (a cortesia para falar com as pessoas, a forma de cumprimentar e despedir-se, pedir com um por favor, agradecer com um obrigado, esperar por sua vez na hora de falar, etc.)
Desde que se levanta até a hora de se deitar, você manda e recebe informações continuamente, mesmo que nem abra a boca.
Outros meios de expressão
Como as plantas e os animais, também as pessoas podem se comunicar, dizer o que pensam e o que sentem, sem utilizar palavras. Um violinista utiliza a música para transmitir ao público o que sente; um pintor demonstra através de seus quadros sua forma de ver o mundo; os bailarinos usam o corpo para expressar emoções... Você também, quando faz um desenho para alguém, quando dança, quando chora ou ri, está se expressando e se comunicando, mesmo sem usar uma palavra sequer.
Tambores e sinais de fumaça
E se você quiser se comunicar a distância? Pois também existem muitas maneiras diferentes de fazê-lo, sem ter de gritar nem pegar o telefone. É claro que você já viu em algum filme norte-americano os índios do oeste fazendo sinais de fumaça, ou os nativos da África tocando tambores para avisar a tribo de algum perigo. Talvez você saivá que os marinheiros usam a linguagem das bandeiras para estabelecer a comunicação de um barco a outro. E aqui mesmo você ouviu falar do código Morse (baseado em pontos e traços).
Até a rua fala
Na própria rua, bem perto de sua casa, você tem muitos exemplos de comunicação sem palavras. As luzes do semáforo ou os sinais de trânsito dão informações importantíssimas aos motoristas e pedestres. Uma cruz vermelha no chão pode significar que ali há uma farmácia; outros sinais nos indicam os lugares onde podemos ou não estacionar um veículo... Até o uniforme de um policial ou o paletó de um garçom nos dizem, sem utilizar palavras, qual é a profissão dessas pessoas.
E AS MÃOS, FALAM?
Claro! Mesmo quando usamos palavras, em geral as acompanhamos com gestos para nos expressarmos.
Talvez você já tenha visto um espetáculo de mímica. Os mímicos contam histórias sem falar, usando somente os movimentos de seu corpo e os trejeitos de seu rosto. Mas, preste atenção: você também faz muita mímica enquanto fala!
A linguagem do corpo
As carícias, os abraços, as cócegas e inclusive os socos e os chutes são formas de comunicação. Elas podem vir acompanhadas de palavras ou não. Cada cultura tem seus gestos característicos. Por exemplo, quando se cumprimentam, os brasileiros dão um aperto de mão, os japoneses inclinam o tronco e a cabeça numa reverência, e os hindus juntam as mãos diante do peito. Quando fala, você faz gestos que completam sua comunicação: um sorriso, uma piscada de olho ou um enrugar de testa dão um significado especial ao que você diz.
Às vezes, você diz com o rosto exatamente o contrário do que está dizendo com as palavras (como quando perguntam se você gostou de um presente horroroso e você responde com um sorriso amarelo: “Adorei...”).
Em outras vezes, enquanto fala, você desenha com as mãos o que está dizendo (indica a forma e o tamanho das coisas...), ou reforça as idéias (apontando, fazendo um gesto de negação ou de aproximação...).
Os italianos, por exemplo, têm fama de fazer muitos gestos, ao contrário dos japoneses.
Os que falam sem poder falar
Os deficientes auditivos empregam a linguagem dos sinais para comunicar-se. Existem várias línguas de sinais, como a LBS (Língua Brasileira de Sinais).
AS MENSAGENS SÃO SECRETAS?
Considere as seguintes situações: um guarda levantando a mão para parar o trânsito, sua irmã falando ao telefone e um árbitro mostrando o cartão vermelho para expulsar um jogador. As três têm algo em comum; você sabe o quê?
Somos todos mensageiros
Cada fez que se comunica com alguém (falando, escrevendo, gesticulando ou utilizando qualquer outra forma de expressão), você se torna o protagonista de um ato comunicativo. Você é, nesse caso, o emissor, aquele que emite ou comunica. Isso é o que o guarda de trânsito, sua irmã e o árbitro têm em comum nas situações apresentadas: os três são emissores. Um emissor dirige-se sempre a um receptor, ou seja, quem recebe a mensagem. No exemplo acima, os receptores seriam os motoristas dos carros, pessoa com quem sua irmã conversa. O jogador de futebol que recebeu o cartão...
Nem sempre o emissor está perto do receptor (por exemplo, quando você envia uma carta a alguém que está distante), e pode até acontecer de o emissor e o receptor nem se conhecerem, como o autor de um livro e seus leitores.
O mais importante
Num ato comunicativo, geralmente o elemento principal é aquilo que se comunica: a isso chamamos de mensagem. Desde o Pare! Que o guarda faz com a mão, até o Fora do campo! Que o cartão vermelho significa, passando pelas conversas de sua irmã ao telefone, tudo é mensagem.
Um emissor pode transmitir sua mensagem ao receptor com palavras ou gestos. Ou seja, ele pode usar códigos diferentes.
E, para terminar, você também deve levar em conta o contexto, ou seja, a situação na qual acontece a comunicação: um toque do apito não significa o mesmo quando feito por um árbitro de futebol (“Fim do jogo!”) e por um guarda de trânsito (“Circulando!”). Está claro?
O QUE QUER DIZER FALAR BEM?
Se o falar diferencia o homem dos animais, isso significa que falar bem não é simplesmente um capricho de seus professores. Falar bem traz muitos benefícios e serve para muito mais do que você pensa...
O poder da palavra
Desde a Antiguidade, o ser humano sempre acreditou muito no poder da palavra. Com ela reza-se aos deuses, invocam-se espíritos, fazem-se rituais de magia e animam-se os soldados antes de ir à luta... Observe como as palavras são importantes, pois um político pode ganhar ou perder votos de acordo com seu desempenho em um discurso ou debate na TV, e uma declaração de amor bem-feita pode mudar a vida de duas pessoas.
Falar e dizer
Quanto mais você dominar a linguagem, tanto mais fácil será expressar suas idéias e seus sentimentos; você poderá mostrar o que sabe e descobrir aquilo de que necessita saber e, se for o caso, será capaz de convencer os demais. Existem pessoas que sempre usam as mesmas palavras para tudo: coisa, negócio, ô meu...
Outras se apóiam constantemente em muletas, palavras que repetem exageradamente: então, viu, tá, etc. Por isso, quando alguém usa adequadamente as palavras e sabe explicar o que pensa, logo é notado e ouvido com gosto, recebendo mais atenção. Saber comunicar o que se pensa é sempre muito importante, e às vezes pode ser vital. Por exemplo, se você tiver de pedir ajuda em caso de emergência, ou descrever a um médico o que está sentindo, ou ainda defender sua inocência perante um tribunal. Além disso, falar bem pode ser muito importante quando a professora perguntar algo a você!
QUEM INVENTA AS PALAVRAS?
Seus avós falavam de uma maneira diferente da que você faz com seus amigos. Quando lemos um livro de um escritor antigo, como José de Alencar ou Machado de Assis, encontramos muitas palavras que não entendemos. E o mesmo aconteceria com eles se ouvissem você falar.
Palavras de ontem e de hoje
Uma língua não utiliza sempre as mesmas palavras. Algumas saem de moda e tornam-se antiquadas (por exemplo, hoje em dia ninguém diz reclame, mas anúncio ou propaganda). Outras vezes é necessário inventar palavras novas para objetos novos (por exemplo, há oitenta anos não existia a palavra televisão, porque ela ainda não tinha sido inventada).
Quando os europeus chegaram à América (inclusive os portugueses ao Brasil), encontraram elementos desconhecidos para eles, e aproveitaram os nomes que os nativos usavam: batata, mandioca, tomate, tucano, chocolate...
“Imitão!”
Além do mais, as línguas estão em contato umas com as outras e trocam influências. A maioria das palavras usadas na Europa e na América Latina vem do latim, mas cada país conserva palavras usadas pelos povos que o habitaram em épocas diferentes. Os celtas passaram pela península Ibérica e lá deixaram algumas palavras, como colméia e Coimbra; os visigodos, que dominaram a região de Portugal no século VI, deixaram termos como guerra e rico; os árabes, por sua vez, deixaram açúcar, alfaiate e muitos outros vocábulos. E, além disso, mesmo que não tenham vivido em Portugal, encontramos palavras de outros povos no português; do italiano (como sentinela e fragata); do francês (sofá e abajur); do alemão (bigode e brinde); e, hoje em dia, principalmente do inglês (futebol e fax). O português falado no Brasil também recebeu influência dos povos que emigraram para cá. Mas o nosso português tem ainda muitas palavras de origem tupi, a língua da maioria dos índios que aqui viviam antes da chegada dos portugueses, como é o caso dos nomes de muitos lugares: Arapiraca, Niterói, Sorocaba, Paraíba, Pernambuco... Também há muitas palavras de origem africana, trazidas pelos escravos, como berimbau, cachimbo, cafuné, calunga, marimba, vatapá...
Mesma palavra, outro sentido
As palavras estão vivas. Por isso, seu significado pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, há poucos anos, quando alguém dizia mouse (“rato”, em inglês) logo se pensava no Mickey ou no animal roedor. Hoje em dia, naturalmente, você se lembra do mouse do computador. Aliás, computador também é outra palavra que mudou de significado há alguns anos; antes, designava alguém que fazia cálculos; e, hoje, refere-se a uma máquina de múltipla utilidade no nosso cotidiano.
CONSTRUÍMOS FRASES COMO SE FOSSEM CASAS?
Assim como num colégio existem pessoas que são encarregadas de trabalhos diferentes (professores, pessoal de limpeza, da secretaria...), as palavras também têm tarefas diferentes dentro da língua e da linguagem.
Palavras: material de construção
Para construir uma casa, diversos materiais são necessários: tijolos para as paredes, vidros para as janelas, cimento ou madeira para o chão, telhas para o telhado... Além disso, é necessário colocar as portas, torneiras, tomadas, etc.
Depois, quando a casa já está construída, nós a equipamos com móveis, eletrodomésticos, etc. O ato de falar se parece muito com o de construir. Quando você fala, está construindo frases, textos, e utilizando como material as palavras, Mas nem todas as palavras são iguais. Algumas servem para nomear objetos ou pessoas: mesa, bombeiro, feijão...; são o que chamamos de substantivos. Outras servem para nos dizer como essas pessoas ou objetos são: amarela, gordo, gostoso... São os adjetivos. Um grupo de palavras muito importantes são os verbos, pois indicam o que as pessoas ou os objetos fazem: latir, correr, chorar... E finalmente, para dizer-nos como essas coisas foram feitas existem os advérbios, como devagar, logo, bem...
Quem constrói a casa?
Ao fazer a planta de uma casa, um arquiteto desenha os quartos, a sala de estar, a cozinha e o banheiro. Ainda que as casas sejam diferentes, todas costumam ter esses cômodos. Nas frases que você constrói também existem elementos que se repetem. Quando você diz, por exemplo: “Meu primo esteve em Recife”, “A professora explica muito depressa”, “Os alunos da 5ª série vão fazer um passeio”, nessas frases existe alguém (Meu primo, a professora, os alunos da 5ª série) que fez, faz ou fará algo (esteve em Recife, explica muito depressa, vão fazer um passeio). São os sujeitos da frase. Porém, da mesma maneira que existem casas sem sala de jantar, existem também frases sem sujeito, como: “Como chove!”
PEGA MAL NÃO FALAR BEM?
Se ficar muito tempo sem tomar banho, você começará a cheirar mal e a incomodar os outros e a si mesmo. Como vivemos em grupo, precisamos cuida de nossa aparência. Sua maneira de falar é uma parte muito importante de sua aparência.
“Diz-me como falas...”
Pela forma de falar de uma pessoa, geralmente nós podemos descobrir o seu nível cultural, se ela vive na cidade ou no campo, entre outras características. As pessoas do campo conservam palavras e costumes que nas grandes cidades já se perderam, devido à grande influência dos meios de comunicação como a TV e o cinema. Além disso, pela forma de falar também se podem perceber detalhes sobre a personalidade de quem fala.
Existem pessoas, por exemplo, que usam palavras infantis (como bumbum) para evitar outras que lhes parecem demasiadamente fortes. Outras usam diminutivos e palavras próprias do ambiente familiar (como filhinho, tio) mesmo quando não estão falando com familiares. Existem também aqueles que usam querido e meu bem na comunicação com pessoas que mal conhecem.
Por outro lado, há pessoas que habitualmente falam palavrões, mesmo quando não estão bravas. Ou aquelas que estão acostumadas a se dirigir a seus amigos insultando-os “carinhosamente”.
“... e te direi quem és”
Através da linguagem podemos descobrir as idéias políticas de uma pessoa (é só prestar atenção em como ela se refere ao governo ou à oposição), suas idéias religiosas (uma pessoa muito religiosa não costuma usar palavrões ou expressões ofensivas contra as religiões em geral), se é machista (basta ver como um homem, por exemplo, refere-se às mulheres), ou racista (ver se faz uso pejorativo de crioulo, judeu...)
Podemos também identificar sinais de boa educação (a cortesia para falar com as pessoas, a forma de cumprimentar e despedir-se, pedir com um por favor, agradecer com um obrigado, esperar por sua vez na hora de falar, etc.)
Língua e linguagem. Coleção Saber Mais. 1ª ed. 2002. 96 págs.
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