segunda-feira, 9 de março de 2009

Tesouro cria disputa na ilha Robinson Crusoé

26 de setembro de 2005

A possível descoberta de um enorme tesouro enterrado por piratas na ilha chilena de Robinson Crusoé, no início do século XVIII, motivou uma verdadeira "febre do ouro" na região, e agora as autoridades, os moradores e a empresa que diz tê-lo encontrado disputam a propriedade.
A euforia começou há dois dias, quando a empresa de segurança Wagner anunciou que - graças a um robô que pode detectar metais e determinar sua composição química - finalmente havia descoberto a localização do lendário tesouro, que conteria cerca de 800 toneladas de ouro e jóias, entre elas dois anéis papais e uma jóia mística conhecida como "A rosa dos ventos".
Mesmo que a descoberta ainda não tenha sido confirmada, o anúncio causou comoção aos cerca de 600 habitantes de Robinson Crusoé, uma das três ilhas que formam o arquipélago Juan Fernández, a 700 quilômetros no litoral oeste do Chile, com economia baseada principalmente na pesca da lagosta. A ilha de Robinson Crusoé possui uma superfície de 96 km2, e o conjunto das três ilhas, 147 km2.
"Todos comentam a notícia e especulam o que poderia ser feito com o dinheiro", disse Carlos Satto, diretor interino do Departamento de Turismo, Cultura e Relações Públicas do município de Juan Fernández.
O prefeito da ilha, Leopoldo González, pediu aos habitantes de Robinson Crusoé que tenham calma. A ilha leva esse nome em homenagem ao personagem do romance de Daniel Defoe sobre o naufrágio e as aventuras do marinheiro Alejandro Selkirk. "Ainda não informaram o lugar exato, só revelaram a região, por isso é cedo para começar a sonhar", disse o prefeito, lembrando as frustradas expedições anteriores.
A localização exata da descoberta é mantida em segredo, à espera de que as autoridades nacionais autorizem a empresa Wagner a iniciar as escavações. De acordo com o prefeito, por enquanto, "é melhor que não se saiba. Se não, estariam todos fazendo buracos com pás", acrescentou.
Só se sabe que o tesouro, avaliado inicialmente em cerca de 10 bilhões de dólares, estaria nos arredores da região denominada "Tres Puntas", de acordo com as coordenadas fornecidas pelo moderno robô que realizou a façanha.
Porém, antes das esperadas escavações surgiu a controvérsia sobre a propriedade da fortuna que, de acordo com dois artigos das leis chilenas, deveria ser dividida em partes iguais entre o descobridor e o Estado ou ficar todo nas mãos do fisco. "A lei que rege nestes casos é a de Monumentos Nacionais, que estabelece que os bens são do Estado", disse de forma categórica o ministro da Educação, Sergio Bitar.
No entanto, os diretores da empresa Wagner frisaram que outra lei dá a eles o direito de ficar com a metade do tesouro, que planejam doar ao município do arquipélago de Juan Fernández e a instituições beneficentes. A empresa assegura que se beneficiará apenas com a publicidade que adquirir o robô que protagoniza a descoberta.
O prefeito González concordou com a empresa Wagner, mas disse que a outra metade do tesouro deveria ficar com os habitantes de sua ilha. Se o valor estimado do tesouro for correto e este for repartido entre os 600 habitantes do território insular, cada um receberá cerca de US$ 17 milhões.
O tesouro, segundo conta a lenda, foi levado até o litoral chileno pelos corsários que cruzaram o Pacífico, e o navegador espanhol Juan Esteban Ubilla y Echeverría o escondeu na ilha em 1715. Ainda de acordo com a lenda, as jóias e moedas de ouro foram desenterradas e escondidas em outra região da ilha pelo marinheiro inglês Cornelius Webb, sem que até agora ninguém tenha desvendado o mistério.
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