Antes da vida adulta
ROSELY SAYÃO
Ao ler uma reportagem sobre o alto índice de estresse entre jovens de 14 a 18 anos, deparei-me com o depoimento surpreendente de um garoto de 15 anos que se trata por causa desse problema. O adolescente já tem planos sólidos para sua vida: daqui a três anos, quer prestar vestibular para o curso de Economia e, como não pretende perder um ano com o cursinho, transferiu-se para uma escola mais “forte”. E ele sonha muito mais longe: antes de se casar e de ter filhos, ainda pretende fazer pós-graduação.
O problema é que a cobrança excessiva das responsabilidades que assumiu o afastou da namorada e das atividades que pratica por prazer. E ele ainda sofre de insônia e de dores de cabeça freqüentes e tem dificuldades para se concentrar.
Crianças e jovens têm sido bastante pressionados por seus pais. Não é novidade a agenda cheia que eles cumprem, desde pequenos. Além da escola, freqüentam atividades extracurriculares dos mais variados tipos: esportes, línguas e artes são as mais concorridas, mas há também tratamentos, acompanhamentos pedagógicos, aulas particulares. Dá-lhes formação para múltiplas habilidades e competências! Tudo isso porque os pais querem garantir um bom futuro para eles.
[...]
Crianças e jovens são exigidos em demasia pelos pais em nome do futuro. Mas e o presente deles? Um estresse! Hoje, a expectativa de vida é bem alta. Consideremos, então, um ciclo de vida. A vida adulta ocorre após os 18 anos, certo? Até lá, a vida se divide em três etapas: a primeira e a segunda infâncias e a adolescência.
Cada uma dessas etapas pode ser vivida, portanto, apenas por cerca de seis anos. A criança pequena só pode ser assim por seis anos, menos da décima parte do que, provavelmente, viverá. Depois, tem mais seis para continuar a ser criança um pouco mais crescida e, finalmente, mais seis para desfrutar na adolescência. Depois disso, é entrar na vida com toda a responsabilidade que ser adulto exige. Em geral, as pessoas terão em torno de 50 anos para viver nessa condição. Então, por que roubar dos mais novos esses 18 primeiros anos de vida, tão curtos e preciosos?
Folha de S. Paulo, 24 de ago. 2006. Equilíbrio. P.12 (Fragmento).
ROSELY SAYÃO
Ao ler uma reportagem sobre o alto índice de estresse entre jovens de 14 a 18 anos, deparei-me com o depoimento surpreendente de um garoto de 15 anos que se trata por causa desse problema. O adolescente já tem planos sólidos para sua vida: daqui a três anos, quer prestar vestibular para o curso de Economia e, como não pretende perder um ano com o cursinho, transferiu-se para uma escola mais “forte”. E ele sonha muito mais longe: antes de se casar e de ter filhos, ainda pretende fazer pós-graduação.
O problema é que a cobrança excessiva das responsabilidades que assumiu o afastou da namorada e das atividades que pratica por prazer. E ele ainda sofre de insônia e de dores de cabeça freqüentes e tem dificuldades para se concentrar.
Crianças e jovens têm sido bastante pressionados por seus pais. Não é novidade a agenda cheia que eles cumprem, desde pequenos. Além da escola, freqüentam atividades extracurriculares dos mais variados tipos: esportes, línguas e artes são as mais concorridas, mas há também tratamentos, acompanhamentos pedagógicos, aulas particulares. Dá-lhes formação para múltiplas habilidades e competências! Tudo isso porque os pais querem garantir um bom futuro para eles.
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Crianças e jovens são exigidos em demasia pelos pais em nome do futuro. Mas e o presente deles? Um estresse! Hoje, a expectativa de vida é bem alta. Consideremos, então, um ciclo de vida. A vida adulta ocorre após os 18 anos, certo? Até lá, a vida se divide em três etapas: a primeira e a segunda infâncias e a adolescência.
Cada uma dessas etapas pode ser vivida, portanto, apenas por cerca de seis anos. A criança pequena só pode ser assim por seis anos, menos da décima parte do que, provavelmente, viverá. Depois, tem mais seis para continuar a ser criança um pouco mais crescida e, finalmente, mais seis para desfrutar na adolescência. Depois disso, é entrar na vida com toda a responsabilidade que ser adulto exige. Em geral, as pessoas terão em torno de 50 anos para viver nessa condição. Então, por que roubar dos mais novos esses 18 primeiros anos de vida, tão curtos e preciosos?
Folha de S. Paulo, 24 de ago. 2006. Equilíbrio. P.12 (Fragmento).
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