A MOÇA DA ESTAÇÃOZINHA POBRE
Eu amo aquela estaçãozinha sossegada,
Aquela estaçãozinha anônima que existe
Longe, onde faz o trem uma breve parada...
Na casa da estação, que é pequena e caiada,
Mora, a se estiolar, uma menina triste.
À chegada do trem, semi-erguendo a cortina,
Ela espias por trás da vidraça que a encobre.
Muita gente do trem para fora se inclina
E olha curiosamente o olho da menina,
Tão anônima quanto a estaçãozinha pobre.
O trem parte... Ficou na distância, esquecida,
A estaçãozinha... e a moça triste da janela...
Mas vai comigo uma lembrança dolorida...
Quem sabe se a mulher esperada na vida
Não era aquela da estação, não era aquela,
Aquela que ficou lá para trás, perdida?
RIBEIRO, Couto. Moça da estaçãozinha pobre. In: Poesias reunidas. Rio de Janeiro. J. Olympio, 1960. p.37.
Nenhum comentário:
Postar um comentário