Uma flor quebrada
A raiz era a escrava,
descabelada negrinha,
que dia e noite ia e vinha
e para a flor trabalhava.
E a árvore foi tão bela!
Como um palácio. E o vento
pediu em casamento
a grande flor amarela.
Mas a festa foi tão breve,
pois era um vento tão forte
que em vez de amor trouxe morte
à airosa flor tão leve.
E a raiz suspirava
com muito sentimento.
Seu trabalho onde estava?
Todo perdido com o vento.
Cecília Meireles
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