sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma flor quebrada

A raiz era a escrava,
descabelada negrinha,
que dia e noite ia e vinha
e para a flor trabalhava.

E a árvore foi tão bela!

Como um palácio. E o vento
pediu em casamento
a grande flor amarela.

Mas a festa foi tão breve,
pois era um vento tão forte
que em vez de amor trouxe morte
à airosa flor tão leve.

E a raiz suspirava
com muito sentimento.
Seu trabalho onde estava?
Todo perdido com o vento.

Cecília Meireles

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