sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pare um pouquinho para conhecer "Tristelândia", uma cidade muito estranha...

TRISTELÂNDIA

Tristelândia era uma cidade triste.
E por ser triste era também feia.
Todas as suas ruas, todos os prédios, todas as pessoas de Tristelândia tinham nomes tristes e ali se nascia, vivia e mor­ria chorando.
Ela ficava no alto do Morro da Saudade e não tinha árvo­res, não tinha flores, não tinha passarinhos. Mas tinha muita poeira, muita pedra e cactos cheios de espinhos.
As ruas de Tristelândia não eram calçadas. As casas viviam com as janelas fechadas. As portas não se abriam para as vi­sitas e os corações dos habitantes de Tristelândia também vi­viam fechados. Principalmente não se abriam para as crian­ças alegres da vida.
As crianças de Tristelândia não brincavam e não sorriam.
Era expressamente proibido sorrir em Tristelândia.
A Rua da Desilusão era a rua principal da cidade.
Na Rua da Desilusão ficavam os prédios mais importantes: a Prefeitura, a Escola Pública, a Câmara dos Vereadores, o cinema e a Delegacia.
Pela rua principal passavam os carros de boi, as carroças, o prefeito, a professora, os vereadores e o delegado.
Pela rua principal não passavam velocípedes, bicicletas, car­rinhos de rolimã.
De uma tristeza só, a rua principal começava aqui, acabava ali. De principal só tinha o apelido, pois era pequena, feia e mal-acabada.
Era ali, naquela rua, que o prefeito passava o dia inteiro, vigiando as pessoas para não deixá-las sorrir.
O prefeito chamava-se Zeca Amargura.
Sua maior amiga, a professora da Escola Pública, chamava-­se Maria das Lágrimas. “Maria das muitas lágrimas”, como gostava de chamá-la a gente grande da cidade.
De tanto chorar, de tanto lamentar sua sorte e seu destino, os olhos já saltavam para fora do rosto e pareciam boiar so­bre as lágrimas que, dia sim, dia não também, todo dia ela derramava.
Era a professora certa para Tristelândia. Sabia de tudo sobre tempestade, enchentes, vendavais, terremotos, furacões, guerras, doenças e fome. Uma catástrofe ambulante.
Lucinha das Dores era sua aluna mais adiantada. Não que fosse inteligente, aplicada. Mas porque nas provas sempre cho­rava melhor que as colegas.
Tristelândia de tão triste ficava afastada das outras cidades.
Ninguém ia lá, ninguém saía de lá.

ARAÚJO, Henry Corrêa de. Dr. Gargalhada, o distribuidor de sorrisos. Rio de Janeiro, Codecri, 1983. P. 3-6 - In Magda Soares

Entendendo o texto:

1. Marque a frase que indica o objetivo principal do autor no texto:

( ) Descrever os prédios e as casas de Tristelândia.
( ) Descrever os habitantes de Tristelândia.
( ) Descrever uma cidade onde tudo e todos eram tristes.

2. No segundo parágrafo do texto o autor diz: “E por ser triste era também feia.”
Marque a frase que mostra o significado desse parágrafo:


( ) A cidade era triste e feia.
( ) A cidade era tão feia quanto triste.
( ) A cidade era feia porque era triste.

3. Pela rua principal da cidade passavam carros de boi, carroças, pessoas; não passavam velocípedes, bicicletas, carrinhos de rolimã. Pelo texto, podemos saber o porquê dessa situação. Marque a frase que indica a causa disso.

( ) Era proibido andar de bicicleta, velocípede ou carrinho de rolimã na rua principal.
( ) As crianças de Tristelândia não brincavam.


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