sexta-feira, 24 de abril de 2009

Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato

Em 1921, Monteiro Lobato, através de sua editora, introduziu no mercado de livros didáticos brasileiros um produto totalmente diferente: o Narizinho Arrebitado, “segundo livro de leitura para uso das escolas primárias.”
O imediato sucesso da obra levou o autor a prolongar as aventuras de seus personagens em muitos outros livros, agora não mais didáticos, girando todos ao redor do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Posteriormente vários destes livros foram reunidos em um volume: As Reinações de Narizinho.
Assim, a forma atual desta primeira obra infantil de Lobato é fruto da colagem de fragmentos que, inicialmente, apresentavam autonomia narrativa. As partes que compõem o livro e que coincidem com as mini-histórias originais são: “Narizinho Arrebitado”, “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, “Aventuras do Príncipe”, “ O Gato Félix”, “Cara de Coruja”, “ O Irmão de Pinóquio”, “O Circo de Escavalinhos”, “Pena de Papagaio” e “O Pó de Pirlimpimpim”.
Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora uma velha de mais de sessenta anos. Chama-se Dona Benta. Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:
-Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto...
Mas engana-se. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em companhia da mais encantadora das netas - Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, ou Narizinho como todos dizem. Narizinho tem sete anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos de polvilho bem gostosos.
Na casa ainda existem duas pessoas - tia Nastácia, negra de estimação que carregou Lúcia em pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de corpo. Emília foi feita por tia Nastácia, com olhos de retrós preto e sobrancelhas tão lá em cima que é ver uma bruxa. Apesar disso Narizinho gosta muito dela; não almoça nem janta sem a ter ao lado, nem se deita sem primeiro acomodá-la numa redinha entre dois pés de cadeira.
Além da boneca, o outro encanto da menina é o ribeirão que passa pelos fundos do pomar. Suas águas, muito apressadinhas e mexeriqueiras, correm por entre pedras negras de limo, que Lúcia chama as “tias Nastácias do rio”.
Todas as tardes Lúcia toma a boneca e vai passear à beira d’água, onde se senta na raiz dum velho ingazeiro para dar farelo de pão aos lambaris.
Não há peixe do rio que a não conheça; assim que ela aparece, todos acodem numa grande faminteza. Os mais miúdos chegam pertinho; os graúdos parece que desconfiam da boneca, pois ficam ressabiados, a espiar de longe. e nesse divertimento leva a menina horas, até que tia Nastácia apareça no portão do pomar e grite na sua voz sossegada:
- Narizinho, vovó está chamando!...
(LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. 11ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1962. p. 3-4
Mergulho no texto:
1. relacione cada personagem a sua característica.
( ) Dona Benta ( ) Olhos de retrós
( ) Narizinho ( ) Negra de estimação
( ) Tia Nastácia ( ) Costuma usar óculos de ouro na ponta do nariz
( )Emília ( ) Morena como jambo
( ) Parece uma bruxa
2. Qual dos moradores do Sítio do Picapau Amarelo é a personagem principal?
3. Narizinho chama as pedras do ribeirão de "tias Nastácias". O que há de comum entre as pedras e tia Nastácia?
4. Leia as frases a seguir e marque aquela que indica o objetivo principal do autor do texto.
a) O objetivo do autor é descrever o Sítio do Picapau Amarelo.
b) O objetivo do autor é contar o que pensam as pessoas que passam pela estrada.
c) O objetivo do autor é descrever as pessoas que moram no Sítio do Picapau Amarelo.

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