O nascer do capitalismo
Um homem tinha uma fazenda perto de um rio. Certo dia o rio começou a subir e ele percebeu que sua fazenda ia ficar submersa.
Transferiu toda sua família e todo seu gado e todos os utensílios e móveis para o alto da montanha mais próxima. Havia na sua fazenda, exatamente 284 quilômetros de arame-farpado. Era um arame de sete farpas por metro, num total de sete mil farpas por quilômetro e, portanto, toda cerca somava 1.988.000 farpas. O homem arranjou um empregado que, sem comer nem dormir, colocou em cada uma dessas farpas um pedacinho de carne, uma isca qualquer. Quando terminou, mal teve tempo de subir a montanha. Veio o dilúvio.
Durante noventa e três horas choveu ininterruptamente. Durante noventa e seis horas o rio esteve três metros acima da cerca. Mas logo as águas cederam e rapidamente o rio voltou ao normal. O homem desceu e examinou a cerca. Encontrou, maravilhado, um peixe pendente de cada farpa, exceto três. Ou seja, um total de 1.987.997. Havia tainhas, e havia robalos, corvinas, namorados, galos e muitas outras espécies que ele nunca vira.
Cada peixe pesava, em média, duzentos e cinquenta gramas, de modo que o homem tinha um total de 496.999.250 gramas de peixe fresco, ou seja, 496.999 quilos de peixe. Isso tudo, vendido a 10 reais o quilo, vocês façam a conta e...
Ah, naturalmente o empregado foi despedido porque colocou mal as iscas nas três farpas que falharam.
Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas, Editora Nórdica. (Ligeiramente adaptado)
Um homem tinha uma fazenda perto de um rio. Certo dia o rio começou a subir e ele percebeu que sua fazenda ia ficar submersa.
Transferiu toda sua família e todo seu gado e todos os utensílios e móveis para o alto da montanha mais próxima. Havia na sua fazenda, exatamente 284 quilômetros de arame-farpado. Era um arame de sete farpas por metro, num total de sete mil farpas por quilômetro e, portanto, toda cerca somava 1.988.000 farpas. O homem arranjou um empregado que, sem comer nem dormir, colocou em cada uma dessas farpas um pedacinho de carne, uma isca qualquer. Quando terminou, mal teve tempo de subir a montanha. Veio o dilúvio.
Durante noventa e três horas choveu ininterruptamente. Durante noventa e seis horas o rio esteve três metros acima da cerca. Mas logo as águas cederam e rapidamente o rio voltou ao normal. O homem desceu e examinou a cerca. Encontrou, maravilhado, um peixe pendente de cada farpa, exceto três. Ou seja, um total de 1.987.997. Havia tainhas, e havia robalos, corvinas, namorados, galos e muitas outras espécies que ele nunca vira.
Cada peixe pesava, em média, duzentos e cinquenta gramas, de modo que o homem tinha um total de 496.999.250 gramas de peixe fresco, ou seja, 496.999 quilos de peixe. Isso tudo, vendido a 10 reais o quilo, vocês façam a conta e...
Ah, naturalmente o empregado foi despedido porque colocou mal as iscas nas três farpas que falharam.
Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas, Editora Nórdica. (Ligeiramente adaptado)
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