Os velhos pajés das tribos da Amazônia contavam que a Lua, todas as vezes que desaparecia por detrás das serras, escolhia uma jovem índia, transformando-a em estrela, que passava a brilhar no céu.
Naiá, moça indígena, filha de valente cacique, nascera branca como o leite, tendo bela cabeleira, mais ruiva que as espigas de milho. Naiá desejava ardentemente ser escolhida por Jaci (a Lua), para ser transformada numa estrela cintilante.
Mas a Lua não ouvia seus pedidos, e a moça, muito triste, começou a definhar. Os pajés tudo fizeram para curá-la, sem resultado.
Todas as noites, a jovem índia saía de sua oca, caminhando até amanhecer o dia, na esperança de ser vista e escolhida por Jaci.
Certa noite, quando já estava cansada de andar, Naiá, sentando-se à beira de um lago sereno, viu a imagem de Jaci refletida no espelho das águas.
Atraída pela luz da Lua, a índia atirou-se ao lago, desaparecendo...
Semanas inteiras a jovem foi procurada pela gente da tribo. Naiá, porém, não reapareceu. Jaci, a pedido dos peixes e das plantas do lago, transformou-a numa estrela, não para brilhar no céu, mas como estrela das águas, a bela flor que abre suas longas pétalas à luz da Lua...
Essa é a lenda da vitória-régia.
ESTÓRIAS e lendas do Rio Grande do Sul. São Paulo, Edigraf, 1963. p. 69. (Série Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro.)
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