sábado, 8 de agosto de 2009

Este poema descreve aspectos da vida de uma criança abandonada, que dorme debaixo de viadutos e usa os letreiros luminosos como cartilha...

Se essa rua fosse minha

Eu sou a luz do mundo e ninguém me vê aqui
Eu sou o sal da terra e ninguém me sabe aqui
Brincando de existir
Ninguém pode me pegar
Eu sou a voz da vida, nada vai me calar

Pivete, capitão d'areia, trombadinha
A imensidão da noite para habitar
A lua, mas se essa rua fosse minha
Meu caminho, meu sono, meu zanzar

Ducha de chuva fria e sol de aquecedor
Cama de viaduto, carros de cobertor
Letreiros de bê-á-bá
Vitrines de ver TV
Beijo de cola e colo de esmola pra comer

Pivete, capitão d'areia, trombadinha
A imensidão da noite para habitar
A lua, mas se essa rua fosse minha
Meu caminho, meu sono, meu zanzar

Corre, menino, vem, menino, perto de mim.


Música de Djavan, letra de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Arnaldo Antunes.
(Para o projeto social "Se essa rua fosse minha", 1991), Gilberto Gil - Todas as letras, Companhia das Letras, 1996.

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